As demissões do anterior presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, José Fidalgo, e do tesoureiro, António Vacas, ambos do Partido Socialista, deveriam ter sido explicadas publicamente à população. É pelo menos esta a convicção da CDU de Vila Franca de Xira que condena a forma como o processo foi conduzido. “Somos pessoas simples mas não somos ingénuos. Ninguém com bom senso se demite assim. Ou está com completa aversão aos seus parceiros políticos ou saiu-lhe o Euromilhões ou então aceitou um cargo de grande relevância. Infelizmente para ele não é disso que estamos a falar”, analisa Carlos Romano, eleito da CDU na Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira, que lembra que muitos fregueses não sabem ainda que o presidente se demitiu. “É uma falta de respeito para com as populações”, criticou no decorrer de uma conferência de imprensa organizada pela Coordenadora da CDU, que se realizou na sexta-feira à tarde, no Centro de Trabalho do PCP, em Vila Franca de Xira. Carlos Romano refere que o ex-autarca lhe telefonou a título pessoal informando-a da situação, assim como a outros autarcas, mas ainda assim critica a falta de informação ao eleitorado, postura que, garante, a CDU nunca teria. “Quando somos eleitos assumimos um compromisso para com os eleitores. As razões deveriam ter sido explicadas à população e aos restantes eleitos”, reforçou Rui Silva Pereira lembrando que os dois eleitos eram os “mais responsáveis do executivo da junta”.Os eleitos da CDU tentaram saber na assembleia de freguesia de 28 de Setembro as razões que levaram à saída dos dois elementos mas sem sucesso. “O PS não quis dizer mais do que aquilo que nós sabíamos que era nada”. Se o ex-presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira optou por não dar esclarecimentos à população, a CDU considera que o PS o deveria ter feito por respeito ao eleitorado. “Não estamos livres de que algum dia não tenhamos que vir a abandonar um cargo mas teremos sempre, perante os eleitores, de dar uma resposta à altura daquilo que a democracia exige”.A CDU não deixa de estranhar que tenha sido escolhida uma independente para substituir José Fidalgo em vez de um elemento do Partido Socialista. “Ana Câncio não vai gerir a junta pior do que já estava a ser gerida”, comentou Carlos Romano. Apesar das críticas à gestão socialista da junta, a CDU admite que a população tem votado PS porque numa freguesia onde funciona uma câmara confunde-se muito o trabalho de uma e de outra. “O trabalho da junta de freguesia tem sido muito o de tapar um buraco aqui e colocar um pilarete ali”, observou Rita Lima.O MIRANTE contactou o ex-presidente da Junta de Vila Franca de Xira, que em Setembro justificou a sua saída argumentando razões pessoais, pretendendo dedicar-se à vida académica, mas José Fidalgo preferiu não tecer mais comentários sobre o assunto. Por seu lado o presidente da Comissão Política Concelhia do PS, Fernando Paulo, limita-se a dizer que a alteração foi feita no órgão próprio, que é a assembleia de freguesia, adiantando que tudo foi “esclarecido” e que esta é apenas a opinião da CDU sobre o assunto.