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Presidente da Junta de Vila Franca recebe reforma de mil euros por 16 anos de trabalho

Presidente da Junta de Vila Franca recebe reforma de mil euros por 16 anos de trabalho

Ana Câncio aposentou-se aos 38 anos da Caixa Geral de Depósitos onde o pai tinha um cargo de chefia

A nova presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, Ana Câncio, independente eleita pelo PS, trabalhou 16 anos no banco do Estado e reformou-se há década e meia justificando problemas respiratórios que alegadamente seriam provocados pelos aparelhos de ar condicionado da instituição.

A presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira está a ganhar uma reforma de cerca de mil euros e só trabalhou 16 anos no banco do Estado. Ana Câncio, independente eleita pelo PS, tem 54 anos e não trabalha desde os 38 anos, quando pediu a aposentação. Era quadro da Caixa Geral de Depósitos e aposentou-se justificando problemas respiratórios, alegadamente relacionados com os ares condicionados. O MIRANTE perguntou a Ana Câncio se o trabalho na junta de freguesia não interfere com a sua saúde e se os equipamentos de ar condicionado da Junta de Freguesia não serão também prejudiciais, mas nenhuma resposta nos foi enviada até ao fecho desta edição.Como não podia acumular o ordenado na junta com a reforma, Ana Câncio optou por receber a reforma. A vida de Ana Maria Câncio Silva Pereira, 54 anos, está desde muito cedo ligada à Caixa Geral de Depósitos. O pai tinha um cargo de direcção na instituição bancária. E a autarca entrou para o banco pouco depois de concluir a licenciatura em filologia germânica pela Universidade Clássica de Lisboa. O seu marido, Vítor Lilaia da Silva, está também ligado à Caixa Geral de Depósitos, tendo já passado por diversos conselhos de administração de entidades ligadas ao banco, desde seguradoras a sociedades de gestão de capitais. Numa das empresas da Caixa, a Parcaixa, Vítor Lilaia da Silva é vogal do conselho de administração. Esta entidade promove a gestão da carteira de participações financeiras dos accionistas “com o objectivo de melhorar a sua solvabilidade”, segundo o relatório de contas daquela entidade. Os membros do conselho de administração não auferem qualquer vencimento pelo cargo que exercem na Parcaixa, mas são remunerados como funcionários da Caixa Geral de Depósitos. Fonte do banco confirma que o marido da presidente de junta tem uma posição de chefia. O que, pela tabela salarial apresentada pelo sindicato dos trabalhadores da caixa, significará um vencimento entre os 3 e os 5 mil euros mensais, sem contar com outros benefícios que possa receber e eventuais mais-valias de investimentos em bolsa ou outros capitais de que seja detentor. Tudo somado poderá render mais de 100 mil euros por ano. Antes de ser presidente da junta, recorde-se, Ana Câncio esteve ligada à Cooperativa Alves Redol e foi secretária do União Desportiva Vilafranquense, que teve um processo em tribunal por crimes de abuso de confiança fiscal relacionados com dívidas às Finanças. A autarca foi uma das dirigentes do clube constituída como arguida pelo Ministério Público. Após o julgamento os dirigentes foram absolvidos, não tendo ficado provado em tribunal que tenham conjecturado a hipótese de não entregar à administração fiscal as quantias de IVA liquidadas em transacções com clientes, quando se viram confrontados com as dificuldades financeiras do clube. Ana Câncio tomou posse como presidente da junta há menos de dois meses, a 28 de Setembro, substituindo o socialista José Fidalgo que se demitiu do cargo. Na noite da sua tomada de posse a autarca prometeu valorizar a identidade da cidade, apoiar as causas sociais e apostar no desenvolvimento económico. Foi a única vez que falou publicamente e desde essa altura que tem evitado responder a questões colocados pelos jornalistas.
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