A indústria de compostagem Componatura está a mudar parte da sua actividade para o Eco-Parque do Relvão, na Chamusca, nomeadamente as descargas e o processamento de resíduos responsáveis pelo mau cheiro que emana daquela unidade. Pode ser o princípio do fim de uma longa luta que opôs a população da zona contra a empresa, sedeada na estrada da Sapeira, freguesia de Meia Via, Torres Novas. Segundo Hortense Teixeira, sócia gerente da Componatura, ainda não há datas para a mudança, apesar da urgência. “Neste momento decorrem já as obras no Eco-Parque do Relvão para uma unidade de produção de biogás. Este processo está em estudo há três anos. É uma solução para gerir outro tipo de resíduos que não podem ser resolvidos no processo de compostagem, e que apresenta a vantagem de não produzir cheiros”, explica. Com esta nova solução, a Componatura elimina os maus cheiros tanto na Meia Via como na Chamusca, refere. “Em relação à população, convém esclarecer que todo este processo é biológico e não processamos nem viremos a processar qualquer tipo de resíduos perigosos”.O Eco-Parque do Relvão é um espaço licenciado para actividades relacionadas com resíduos, razão pela qual a empresa está a mudar parte da actividade para lá. “De momento não se prevê a saída da Componatura de Torres Novas uma vez que a continuação da actividade de compostagem nesta unidade não produzirá cheiros. Convém referir que o armazenamento em pilhas do composto também não produz cheiro. O cheiro provém das descargas e do processamento”, que passarão a ser realizadas na Chamusca.Hortense Teixeira termina referindo que espera que esta nova situação venha sossegar a população, os elementos da Assembleia Municipal de Torres Novas e o presidente do município, António Rodrigues, “que tem sido bastante incomodado com a situação, quer política quer pessoalmente, mas que tem sabido gerir a situação com inteligência, revelando ser uma pessoa com sensibilidade, conhecimento e preocupação com o meio ambiente, ao contrário de outras forças políticas”.Ver para crerA notícia do possível fim dos maus cheiros motiva algum cepticismo da parte do presidente da Junta de Freguesia da Meia Via, José Gil Serôdio, um dos que mais se manifestou contra a indústria de compostagem. “A única coisa que me preocupa é que a mudança está demorada. Os maus cheiros continuam e as lamas continuam a cair nas estradas”, refere. Têm, inclusive, continuado a registar-se alguns incidentes na Estrada da Sapeira, com cargas que caem na estrada.“Se a situação decorrer como o anunciado, não vejo inconvenientes. Mas se não passar de conversa, a Componatura deve mudar-se de vez para a Chamusca”. E refere que “continua a ser inexplicável como a Componatura surgiu numa área residencial e veio incomodar cerca de 50 mil pessoas. Este licenciamento devia ser mais aprofundado”.Em Fevereiro de 2010 a Junta de Freguesia de Meia Via promoveu um abaixo-assinado contra os maus cheiros que teriam origem na empresa de compostagem. O caso foi a assembleia municipal e gerou polémica, sobretudo quando o Bloco de Esquerda pediu explicações ao Ministério do Ambiente. Em Janeiro deste ano foi divulgado que a unidade de compostagem já fora alvo de vários processos de contra-ordenação por prática de infracções de índole ambiental, na sequência de inspecções feitas pela Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAOT) em 2007, 2008 e 2009. Um dos processos foi julgado no Tribunal de Torres Novas em Outubro de 2010 tendo redundado na aplicação de uma coima no valor de 7 mil euros.