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Filipe Santos em busca do rock mais puro

“Terra, água, fogo e ar... de rock” continua a rolar sem stress com o cantor longe dos palcos

Não é um duro como muitos maus rapazes que têm uma postura rock mesmo quando não pescam nada de música. Filipe Santos dá-se bem com os pais, tem amigos que não se metem na droga e trata bem a sua amante música. Está tudo contado/cantado no CD “Terra,água,fogo e ar...de rock”.

São dez canções de um sonhador chamado Filipe Santos que diz não ter pressa de chegar onde quer chegar. E por detrás do CD há um mundo de cumplicidades traduzidas em nomes que se amontoam por todo o lado entre guitarras, colunas de som e paredes forradas a posters de um quarto andar sem elevador onde só sobe quem tem fôlego de amigo.Para os mais familiarizados com o nome fica desde já o aviso. Esqueçam o Filipe Santos do Entroncamento nos tempos em que subiu ao palco do Chuva de Estrelas disfarçado de músico italiano com o estranho nome de Nek para cantar Laura Non c’è”. Esqueçam o jovem sorridente que cativava teen-agers e trintonas amarradas à adolescência, na Operação Triunfo 1 e que até escreveu um livro sobre a aventura televisiva, prefaciado pela Namoradinha Catarina de Portugal Furtado, com um título “Acordar dentro de um sonho” que cheirava ao Delfim Miguel Ângelo que também”queria poder acordar num sonho teu”. Este Filipe Santos é o mesmo mas é outro. O cartão de visita já não vem com a “Impressão Digital” do primeiro CD onde quem mandou foi um “dinossauro” da música rock portuguesa chamado Zé da Ponte. Agora é ele que quer abrir a sua própria estrada, como acontece desde que o mundo é mundo e o homem se elevou através da arte. Durante uma hora de conversa com o jornalista o passado nunca passou da porta. “Filipe Santos - O rock em português “ é o sinal que indica o local por onde devemos seguir. Guitarras, baixo, bateria e, por vezes, o som de um piano acústico. Um som que procura a pureza inicial do mundo pré-samplers.Descida à rua e uma entrada na garagem para ir buscar a guitarra verde água e dourada. Seis fotos tiradas na rua calcetada do Entroncamento a quem raros chamam rua Luís Falcão de Sommer. Em pano de fundo um grafito que tira a consistência ao conjunto. Nem a terra é um subúrbio industrial nem o músico é um marginal. No leitor de CD do computador a voz do cantor “Sozinho subo a rua calcetada/são seis da madrugada, penso em ti/Tenho o teu cheiro entranhado no corpo/o sabor dos teus lábios nos meus, mil desejos”. A bateria a marcar, a guitarra a gemer de prazer por baixo da voz e as teclas, a espaços, a pulverizarem o tema com o aroma dos momentos felizes”. “Não me deixes por aí” é a música que abre o disco. A letra é de Filipe Santos. A música do amigo Ernesto Leite. Podia passar de hora a hora em qualquer estação de FM nos dias chuvosos deste Inverno. Filipe Santos já tocou em bares mas agora não toca; já tocou em casamentos mas agora não toca; já fez centenas de bailes e concertos com os FH5 de Tomar, mas já não faz ou raramente faz. Precisa de uma banda a seu lado. De um grupo. Diz que mais vale um concerto bem esgalhado que perdure na memória de quem assistiu e curtiu, do que muitos bocadinhos à viola em lugares de conversas e copos. Tirou o curso de educador de infância. É director da Escola de Segurança e Educação Rodoviária do Entroncamento e tem uma amante chamada música que lhe embala os pensamentos. O CD “Terra, água, fogo e ar...de rock” tem a guitarra do Ricardo Nogueira, o baixo do João Tavares, a bateria do Tiago Ramos, para além de várias participações especiais e do dueto com Rui Drummond em “Segue o Caminho”. A produção é de Nani Teixeira que trabalhou com muitos nomes de primeiro plano da música portuguesa.Uma casa alugada na Serra de Tomar, junto à barragem de Castelo de Bode, foi transformada em estúdio durante um mês baptizada “Châteaux do Memé”. A maior parte do trabalho foi feito ali. As canções falam da vida. Amores e desamores; pueris aventuras de adolescentes por estradas secundárias com álcool a mais no sangue; o desencanto e a solidão da grande cidade; a balzaquiana que “saiu para a rua” ou que “sorri a um homem...com tremuras”. Quem consegue libertar-se de todo do pai Veloso e do tio Carlos Tê, que atire a primeira pedra. Depois há S.O.S. polícia e P.D.I. que podem muito bem ser cantadas em qualquer idade. Filipe Santos não é um duro como o rock. Não tem mau aspecto. Não usa piercings nem anda aos pontapés nos caixotes do lixo às tantas da madrugada. Já gostou de filosofia mas não mete Nietzsche ao barulho. Nunca foi à manifestação da Geração à Rasca. Não sonha ter um fígado à Zé Pedro dos Xutos e Pontapés. No prato do gira-discos tem um vinil dos U2 e ao lado, pronto para rodar um do velhinho Bob Seeger, toca nas Festas da Cidade do Entroncamento e não diz obscenidades em palco; as mães não escondem as filhas quando ele passa por perto. Rock para ele não é postura. É música. E como a música não se conta em parágrafos de jornal, nada melhor que uma visita ao site do cantor www.filipesantos.net onde está muito material disponível e através do qual é inclusivamente possível comprar o CD.

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