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Veríssimo Serrão convenceu Martinho Vicente Rodrigues a transcrever “Santarém Ilustrada”

Manuscrito de Luiz Montez Matozo é publicado 273 anos após ser escrito
O livro “Santarém Ilustrada” surgiu após uma conversa onde o historiador Joaquim Veríssimo Serrão tentou convencer Martinho Vicente Rodrigues a avançar com uma obra “muito importante” para Santarém. O presidente da Junta de Freguesia de Marvila, Carlos Marçal, que ouviu a conversa entre os dois professores, ficou entusiasmado com a forma determinada com que Veríssimo Serrão defendeu a sua ideia. Mais tarde perguntou a Martinho Vicente Rodrigues o que era preciso para avançar com o projecto e este respondeu-lhe que era necessário arranjar patrocínio porque ele faria a transcrição voluntariamente.Foi assim que nasceu “Santarém Ilustrada”, do padre escalabitano Luiz Montez Matozo, cujo manuscrito ficou por publicar durante 273 anos, até Martinho Vicente Rodrigues fazer a transcrição do texto e o estudo introdutório da obra de 640 páginas. O livro foi apresentado na tarde de sábado, 19 de Novembro, na Igreja do Milagre, em Santarém, que encheu para assistir ao lançamento. A Junta de Marvila conseguiu o patrocínio através da Tipografia Madeira e Madeira e outra pessoa que “deseja” manter o anonimato. Martinho Vicente Rodrigues estava visivelmente feliz na apresentação da obra e garantiu que o projecto valeu a pena para poder dedicá-lo ao amigo Veríssimo Serrão que “tanto lhe pediu para quebrar o silêncio que escondia a grandeza de Santarém Ilustrada”, escreveu o historiador para o seu amigo na página 13 do livro.O manuscrito, que se encontra na Biblioteca Municipal de Évora, está em bom estado de conservação, encadernado em pergaminho, com 230 páginas, dividido em 55 capítulos, com as dimensões de 236 milímetros de comprimento e 227 milímetros de largura. Martinho Vicente Rodrigues conta que ficou “largas horas” a ler páginas escritas pela mão do “santareno” Luiz Montez Matozo que escreveu esta obra durante 15 anos. “Este manuscrito obrigou-me a palmilhar léguas por esta Santarém, terra de cultores da memória e das belas letras, a procurá-lo por diversos arquivos e bibliotecas nacionais”, referiu acrescentando que quem lê esta obra “vai tendo um conhecimento profundo sobre a cidade de Santarém” nos anos em que Matozo viveu.A apresentação do livro foi abrilhantada com a actuação do coro do Círculo Cultural Scalabitano. Um padre apaixonado pela história de SantarémLuiz Montez Matoso nasceu em 1701 em Santarém. Frequentou o Colégio de Nossa Senhora da Conceição, dos Padres da Companhia de Jesus, actual Paço Episcopal e estudou Jurisprudência Pontifícia na Universidade de Coimbra embora não tenha concluído. Entrou na religião da Ordem Terceira de São Francisco tendo-se tornado frade.Foi no Mosteiro de São João da Pesqueira que desenvolveu o gosto pelas letras, biblioteca e arquivo. Foi historiador, genealogista e jornalista tendo escrito inúmeros catálogos de livros. Foi o primeiro presidente da Academia dos Aventureiros Scalabitanos. Luiz Matozo faleceu em 1750 em Santarém.

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