O secretário de Estado da Administração Local e Reforma Administrativa considera que um dos principais problemas da administração pública portuguesa é a desconfiança. Paulo Júlio, que participou num fórum sobre a reforma da administração local organizado pela Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant, em Almeirim, diz que o problema é maior porque não existe decreto-lei que resolva esta situação. “Quando um de nós aborda a administração do Estado ela parte sempre do princípio de que tudo o que lhe estamos a apresentar é mau”, referiu. Paulo Júlio, perante uma sala repleta de empresários da região e autarcas, deu o exemplo de Nova Iorque (Estados Unidos da América) onde um jovem que quer abrir um negócio tem o licenciamento numa semana. Apresenta os documentos e é responsável por alguma coisa que esteja mal. Em Portugal os arquitectos e engenheiros das câmaras têm que ler a legislação e têm que se informar se alguma coisa está mal no processo. Considerando que é uma questão cultural, o secretário de Estado reconheceu que no nosso país o mesmo jovem obtém o licenciamento “ao fim de quatro meses se não for um ano”. O governante falou também sobre as obras e as estratégias que têm sido seguidas nos municípios. Disse Paulo Júlio que “temos feito pouca análise de valor na administração pública”. E realçando que é preciso aprender com os erros, sublinhou que, por exemplo, um auditório num município com dez mil habitantes não deve ter mil lugares e “se calhar 500 já é muito”, argumentando que não é daqueles que pensam que devem existir auditórios em todos os municípios. “Não há políticas estruturadas se por trás não houver uma boa análise técnica”, comentou. Paulo Júlio diz que “vem aí um ciclo de visão estratégica” advertindo que vai ser necessários que as autarquias trabalhem em redes locais e regionais, com universidades, politécnicos, associações empresariais, por exemplo, e até redes internacionais utilizando os suportes tecnológicos. “Os municípios podem ter uma política para o empreendedorismo facilitando a vida aos jovens empreendedores”, disse, acrescentando que os jovens quando saem da universidade precisam de ver que a “administração central e local no mínimo não lhe dificulta a vida”.