Aplaudo a tua disponibilidade para servires a causa pública já a partir das próximas eleições autárquicas, nem que seja como presidente de junta. Isto se em 2013 ainda houver freguesias, porque com este Governo e com esta troika nunca se sabe. É de espíritos abnegados e de gente prestimosa que este país precisa. Mas atenção, para atingires esse desiderato (adoro esta palavra) falta o mais difícil: encontrar um partido que te acoite e te pague a campanha. Porque caçar votos custa dinheiro.Para isso deves filiar-te imediatamente num dos partidos do arco do poder (como agora se diz), compareceres depois em todas as reuniões partidárias, mandares uns bitaites decalcados de um qualquer livro de gestão e planeamento ou coisa que o valha e, muito importante, deixares de andar de calças de ganga, de ténis e de t-shirt e passares a usar fato e gravata. E é se queres ser levado a sério, embora eu continue sem perceber por que razão um gajo engravatado tem mais credibilidade que outro à paisana.Conquistado o partido, trampolim fundamental para o assalto ao poder, tens de aprender a vender ilusões ao povo. Não tenhas preconceitos nem problemas de consciência. O que não tem faltado neste país é mitómanos à frente de autarquias e ministérios. E, que se saiba, nenhum até à data foi preso ou sovado pela populaça. Para entrares na confraria dos vendedores de banha da cobra sugiro que frequentes o Curso Intensivo de Ilusionismo que a Câmara Municipal do Entroncamento vai promover no dia 28 de Janeiro, na Sala de Formação dos Serviços Culturais (passe a publicidade). Mas deves inscrever-te rapidamente, pois não devem faltar interessados. Estou certo que é dinheiro bem investido. Porque sem se dominar as noções básicas do ilusionismo não se vai longe na política. E repara que qualquer ilusionista que se preze também não anda de calças de ganga e de t-shirt. Sempre de fraque e cartola. Estás a ver a coisa, não é? Está tudo ligado.Insofismável Manel gostava de poder chegar aos setenta anos e ter a vitalidade e vontade de trabalhar que tem o abrantino Eduardo Catroga, reputado economista e ex-ministro das Finanças que ficou célebre por algumas “pintelhices” como a da penhora de uma sanita de uma casa de banho do Estádio das Antas nos tempos do saudoso (para muitos empreiteiros e afins) cavaquismo. Vê lá tu que o senhor, que já estava reformado com parcos 9 mil euros por mês segundo dizem os jornais, vai agora para a administração da EDP embolsar mais umas “milenas” valentes de deixarem qualquer um de olhos em bico. Este é um bom exemplo de como podemos ser activos até à terceira idade e vem dar razão àqueles que defendem que um gajo deve trabalhar até morrer, acabando-se com essa mariquice das reformas aos 65 anos (para a maioria) e aos 40 e 50 (para políticos e castas afins).E com esta pintelhice me vou. Saudações democráticas doSerafim das Neves