uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Idialete Martinho

Idialete Martinho

34 anos, funcionária pública, Samora Correia

Existem muitas pessoas que não se submetem a qualquer trabalho. Querem um emprego das 9h00 às 17h00 e jamais aceitariam limpar vidros, por exemplo. Existe muita vergonha em relação ao desempenho de certas tarefas.

Teve pena de não ter ido ao Palácio de Belém oferecer ao Presidente da República uma moeda para ajudar a pagar as contas?O presidente precisava de viver durante um mês com o dinheiro de um reformado e comprar medicamentos e alimentação. As declarações do Cavaco Silva não caíram nada bem, especialmente para os que vivem com mais dificuldades. Hoje em dia vale mais ser preso do que ser idoso. Um preso tem cama, mesa e roupa lavada. Já um idoso que mora sozinho numa casa vive com muitas dificuldades. O presidente devia tomar consciência e pedir desculpa. Já pensou emigrar?Sou muito agarrada às raízes. Sempre vivi em Samora e até em brincadeira, quando namorava com o marido que é de Marinhais, ele dizia-me que eu tinha de ir viver para lá. Eu respondia-lhe sempre que então acabávamos o namoro. Existe muita gente que não quer realmente trabalhar?Existem muitas pessoas que não se submetem a qualquer trabalho. Querem um emprego das 9h00 às 17h00 e jamais aceitariam limpar vidros, por exemplo. Existe muita vergonha em relação ao desempenho de certas tarefas. Depois se emigram, como não têm conhecidos por perto, são capazes de ir trabalhar para restaurantes ou matadouros.Nesta altura de crise o que a faz rir?Estar viva, bem de saúde, o Sol e até a própria crise. Dá vontade de rir quando vemos o Presidente da República a dizer que também tem de cortar nalgumas coisas. Gosta da cozinha tradicional portuguesa?Não sou grande fã de cozidos à portuguesa ou de feijoadas, mas aprecio bastante a nossa comida. Gosto de carne e peixe, mas costumo dizer que o peixe não puxa a carroça. Também deveria fazer dieta, mas se penso muito nisso então não consigo mesmo fazer. Sou eu que costumo cozinhar em casa, com excepção dos grelhados que ficam a cargo do marido. A minha filha é a cozinheira da patrulha nos escuteiros de Samora e já dá uma ajuda em casa. Qual foi o momento mais romântico que viveu?Marcou-me a primeira vez que recebi um ramo de flores do meu marido. No dia dos namorados, quando tinha 18 anos, bateu-me à janela do quarto e deu-me um ramo de rosas. Hoje ainda o conservo na casa da minha mãe. Um dia ofereceu-me um ramo de flores com lírios roxos e a minha irmã na brincadeira começou a dizer que eram as flores dos mortos. Eu é que acabei por pagar porque nunca mais recebi flores. Se tivesse que confessar-se ao padre chegava-lhe um dia?Eu agora tenho por hábito ir aos sábados à missa e quando vou lá confesso logo o pecado que vou cometer a seguir, para ver se o perdão é mais rápido (risos). Todos pecamos, nem que seja com pensamentos, e quando apontamos um dedo a alguém temos logo três dedos a apontarem para nós. Qual é o seu maior vício?O meu maior vício é os meus filhos. Sou mãe galinha, deixo-os voar, mas estou sempre em cima do tronco para seguir atentamente os voos. É importante que os voos não sejam sempre bons porque também precisam de aprender com os erros.
Idialete Martinho

Mais Notícias

    A carregar...