É no rés-do-chão do número 31 da Rua Dona Maria Luísa Azevedo Borralho, em Benavente, que um pequeno grupo aguarda à porta no sábado, 28 de Janeiro, o meio-dia para assinalar a abertura da Casa dos Juízes. A barbearia do senhor José Gaspar, o pai do juiz deste ano, desapareceu do dia para a noite. Lá dentro está a bandeira em honra da Nossa Senhora da Paz e um vasto conjunto de objectos religiosos que os festeiros andaram a pedir emprestado às gentes da terra. O sol está quente e os organizadores do ano anterior que nomearam os actuais chegam pouco depois. O juiz Jorge Gaspar, 42 anos, o tesoureiro João Paulo, 38 anos, e o secretário Jorge Loureiro, 39 anos, perguntam à antiga comitiva se acharam bem o que fizeram. “Agora já não há nada a fazer e já vão a meio”, ouve-se de resposta entre risos. A lenda reza que quem recusar as nomeações vai ter azar para o resto da vida e os três novos eleitos não tiveram alternativa quando receberam a nomeação em Agosto do ano passado. A vontade é muita, mas a crise que paira no ar deixa os novos festeiros à rasca para conseguir angariar perto de 80 mil euros para organizar a grande festa que anima a vila em Agosto. “Os apoios da autarquia e da junta diminuíram. As empresas estão a cortar custos e a publicidade não abunda”, desabafa João Paulo. Ninguém quer sequer ouvir falar na possibilidade de se acabar com uma festa que já está tão entranhada nos benaventenses. Se as dificuldades são muitas, com certeza que a Nossa Senhora da Paz dará uma ajuda, comentam os mais idosos. O relógio marca o meio-dia quando são lançados dois foguetes para o ar. Na Casa dos Juízes espera-se pelo padre de Benavente que ainda se encontra na Casa das Juízas, outras três crianças que todos os anos também são eleitas. A Festa Pequena em Honra da Nossa Senhora da Paz que decorreu este fim-de-semana contou também com procissões e um bailarico. O senhor Gaspar voltou a abrir as portas da sua barbearia na segunda e agora já só se volta a montar a Casa dos Juízes em Agosto. Até lá, os festeiros tem um longo trabalho pela frente. Eduarda Sousa