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Não se consegue segurar os jovens muito tempo nos escoteiros

Não se consegue segurar os jovens muito tempo nos escoteiros

Escoteiros de Benavente fazem 30 anos e o chefe Luís Marques é o único que se mantém desde a fundação
Um grupo de meninos entre os seis e os dez anos está a aprender a fazer nós. Implicam com o colega, riem, mexem-se, mas o chefe lá vai pondo a ordem. A uns metros, sentados em cima de troncos, outros elementos do Grupo 66 de Benavente da Associação de Escoteiros de Portugal, planeiam os pormenores sobre um jantar. Uma menina vai apontando no caderno o que se vai cozinhar ou os pais que vêm ajudar. Mais à frente, de enxada na mão, rapazes mais crescidos limpam a zona do pinhal onde vão passar a noite. Esta é apenas uma das tardes de actividades do Grupo 66, que este ano comemora 30 anos de existência. As tendas estão montadas e a fogueira já arde. Mas a preguiça é muita e o chefe lá vai incentivando ao trabalho. “As raparigas são mais aplicadas, mas quando estão cansadas desentendem-se muito. Já os rapazes são mais preguiçosos, mas também mais apaziguadores”, deixa escapar. Neste recanto não existem telemóveis, computadores ou televisão. É na terra do antigo Parque de Campismo de Benavente que se brinca e aprende. De uma pequena sede localizada na vila, o grupo passou a dispor desde 2010 de cerca de 20 mil metros quadrados ao ar livre onde podem realizar todas as suas actividades.Luís Marques, 38 anos, é o chefe do grupo e não poupa esforços para o manter dinâmico e em actividade, apesar de cada vez ser mais difícil segurar os jovens durante muito tempo. Entrou no grupo aos oito anos e continua a ser o último dos resistentes. Está nos escoteiros como o ar está para a terra e muito dificilmente imaginaria a sua vida longe. Foi aqui que conheceu a sua actual esposa, Ivete Marques, que participa há 18 anos nas actividades do grupo. Inevitável é que a filha do casal, de seis anos, vá pelo mesmo caminho dos pais. “Faltavam 15 dias para o parto e eu estava num acampamento. A Eva tem crescido dentro dos escoteiros”, conta a mãe. O movimento ao longo dos anos tem vindo a mudar. Luís Marques nota agora que as crianças e jovens já não se contentam facilmente e querem sempre mais alguma coisa. As actividades ao ar livre e os encontros com outros grupos são o que mais agrada aos pequenos escoteiros. A existência do parque de actividades permite convidar outros grupos a participar regularmente em actividades em Benavente. A aventura é o que mais cativa os jovens, mas para isso também se teve que ceder a algumas mordomias. Hoje os escoteiros só conseguem acampar em espaços que estejam licenciados para o efeito. “Todos os parques já estão equipados com balneários. No nosso tempo tínhamos de improvisar as sanitas. O espírito que se vive é muito diferente”, recorda o dirigente. Os pais também precisam de ligar todos os dias para saberem como estão os filhos, quando antigamente se passava uma semana ou mais sem contactos. Os escoteiros estão divididos por grupos consoante a sua idade; perto de 20 elementos integram a Alcateia (entre os 6 e 10 anos); 26 pertencem à Tribo de Escuteiros (entre os 10 e os 14 anos); a Tribo dos Exploradores tem 13 elementos (entre os 14 anos e os 17); dois membros pertencem aos Clãs (entre os 17 e 21 anos). “Manter escoteiros a partir dos 15 anos é o mais difícil. A partir desta idade a maioria dos adolescentes começa a interessar-se por outras coisas”, revela Luís Marques. O grupo, que está integrado na Associação de Escoteiros de Portugal, incentiva à descoberta da fé, mas não obriga ninguém à prática, embora mais de 90 por cento dos elementos sejam católicos praticantes.O que são os escoteirosOs Escoteiros de Portugal são uma associação educativa para jovens, sem fins lucrativos, de reconhecida a utilidade pública. São a mais antiga organização juvenil portuguesa e a segunda maior organização juvenil portuguesa, contando com mais de 13 mil jovens em 135 unidades locais espalhadas por todo o país. Segundo os dados disponíveis no site do movimento na internet. “Enquadram-se nas suas actividades e no método de educação não formal que utiliza, a protecção e o contacto com a natureza, a educação ambiental, a intervenção social, a cooperação para o desenvolvimento, a promoção para o voluntariado social, a educação para a paz, a cultura, o desporto, a educação para a saúde e a formação de adultos”. Em Portugal existem mais organizações de escutismo, como o Corpo Nacional de Escutas, ligado à igreja católica, e as Guias de Portugal, exclusivamente para raparigas.
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