É cada vez mais difícil encontrar a presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Ana Cristina Ribeiro (BE), em actividade autárquica. Seja no edifício dos paços do concelho, seja em eventos públicos. Este ano ainda não compareceu a uma única reunião do executivo camarário que se realizam quinzenalmente. No final do ano, surgiu apenas na reunião extraordinária para aprovação do orçamento para 2012, que estava marcada inicialmente para o início da manhã e só no próprio dia foi adiada para o final da tarde.Os motivos invocados para as ausências das reuniões de câmara são sempre os mesmos: reuniões inadiáveis ou motivos pessoais. A mais recente ausência foi no Festival da Sopa e do Pão Caseiro que se realizou no domingo, 5 de Fevereiro, em Marinhais. Também no final de Novembro não compareceu à manifestação organizada pelas populações de Muge e Granho que se realizou em Muge, localidade onde a autarca vive. É o actual vice-presidente, Manuel Neves, quem a representa nos eventos públicos. Foi assim em Novembro e também recentemente em Marinhais.Ninguém assume publicamente as cada vez mais regulares ausências de “Anita” mas, à boca pequena, comenta-se nos corredores dos paços do concelho que a presidente aparece cada vez mais esporadicamente chegando a estar uma semana sem pôr os pés no edifício sede da autarquia que gere desde 1998. O MIRANTE sabe que alguns atendimentos aos munícipes já foram desmarcados no próprio dia através de telefone. O facto de já não se poder recandidatar à presidência da câmara é apontado como o principal motivo para não aparecer com tanta frequência em actos públicos que, geralmente, dão visibilidade junto do eleitorado.Estranha forma de gestãoOs vereadores da oposição concordam que as longas ausências de Ana Cristina Ribeiro - que já aconteciam no anterior mandato - não são benéficas para o concelho. Hélder Esménio (PS) considera que um autarca “nunca deve esquecer” que está investido num cargo político em resultado da confiança depositada por milhares de eleitores. “As frequentes ausências da presidente e a inexistência de um regimento, exigido por lei, que regule o funcionamento das sessões camarárias aliado ao facto de haver actas por aprovar há sete meses, quando a legislação obriga a que o sejam na reunião imediatamente seguinte, são o resultado de um modelo de gestão centralista, cansado e sem ideias que se vai arrastar até 2013”, refere o vereador socialista.Para o vereador eleito pelo PSD, Jorge Burgal, esta situação significa um “desrespeito” pelos eleitores que elegeram Ana Cristina Ribeiro como presidente do município, estando a “defraudar” esses mesmos eleitores. “Sendo a líder da autarquia deixa o executivo ainda mais incerto e órfão de uma liderança, já por si fraca, em termos estratégicos e de visão para o futuro do concelho”, afirmou sugerindo que “Anita” renunciasse ao mandato.O vereador João Simões (PS) refere que lhe causa “estranheza” esta forma de gerir o município uma vez que é sua convicção que todas as autarquias necessitam de um presidente a tempo inteiro e “disponível” para encontrar soluções para as dificuldades do concelho. Uma agenda muito preenchidaContactado por O MIRANTE, o vereador do BE, Luís Gomes, “desdramatiza” a situação e reconhece que Ana Cristina Ribeiro tem uma agenda “muito preenchida, não só com actividades do município e freguesias mas também com responsabilidades que tem na representação da autarquia em instâncias intermunicipais e no relacionamento com a administração regional e central”, afirma. O MIRANTE contactou, via email, a presidente da autarquia mas até ao fecho desta edição não recebeu qualquer resposta.