Autoridades têm fechado os olhos a agressões ambientais nas margens do Tejo
Ministério justifica inoperância com futuros projectos para as zonas ribeirinhas
Um dos casos mais flagrantes de desrespeito e de falta de autoridade para manter o Tejo limpo é a praia de Santarém que está há quatro anos abandonada. Mas há casos de estruturas de cimento que os areeiros não removem após terminar a concessão.
Se estiver a pescar no Tejo sem licença ou tiver uma cana a mais que o permitido arrisca-se a ser multado, mas as entidades que poluem as margens do rio à descarada continuam impunes aos olhos de toda a gente, menos das autoridades que vão permitindo que os resíduos continuem anos a fio no areal. O presidente da Junta de Freguesia de Santa Iria da Ribeira pergunta o que já muita gente deve ter interrogado: “Quando os elementos da GNR e da Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARH-Tejo) passam na Ponte D. Luís será que olham para o outro lado para não verem os restos da praia de Santarém?”Esta permissividade com autarquias e empresas é justificada com a desculpa de intenções e de projectos para as zonas afectadas, que não se sabe quando ou se alguma vez vão sair do papel. Um dos casos é na zona do Patacão, em Alpiarça, onde uma empresa depois de extrair a areia abandonou o local e deixou estruturas em cimento nas margens. O contrato de concessão era explícito quanto à obrigação de deixar o local limpo. O presidente da câmara, Mário Pereira (CDU), não tem dúvidas que as construções de betão, que por exemplo serviram para suportar uma balança para camiões, “são intrusivas” e não deviam estar no local.Mas o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território diz que na zona, que a autarquia tem tentado aproveitar para o lazer, “o rio Tejo encontra-se fortemente assoreado, não se afastando a possibilidade de em termos futuros poder vir a ser reactivada uma extracção de inertes no local”. E com esta ideia se vai permitindo o incumprimento das regras até porque quem passa na estrada não repara na situação devido à existência de uma cortina arbórea que tapa o que não se deve ver. Mas na Ribeira de Santarém nem sequer há o pudor de mandar “esconder” o mamarracho da praia fluvial abandonada.Em quatro anos não foi feito nada para remover os tanques que se vão degradando. Já faltou mais para as estruturas metálicas irem água abaixo. Se chegarem a Lisboa pelo menos algum governante pode ver da janela do Terreiro do Paço a insólita aparição e lembrar-se do que poderia ter feito. As telas de plástico que revestiam os tanques já foram levadas pelas águas. A corrente já comeu grande parte do areal e placas de cimento que davam estabilidade aos tanques foram parar dentro de água.As autoridades, parece, não se deixam impressionar com este mau cartão-de-visita. O ministério desculpa-se dizendo que “a Câmara de Santarém está a desenvolver um projecto em articulação com a ARH-Tejo para a recuperação e valorização da frente ribeirinha da Ribeira de Santarém. Como não refere se a autarquia já foi multada ou notificada para retirar os detritos presume-se que a poluição vai continuar. Por quantos anos mais, não se sabe. Curiosamente no mês de Março “realizou-se no local uma reunião com técnicos da ARH-Tejo e da câmara na qual foram lançadas as ideias base para o desenvolvimento do projecto de requalificação e valorização da frente ribeirinha”, diz o ministério.Pelo menos os técnicos da administração hidrográfica ao reunirem no local puderam ver o estado em que este se encontra. O ministério acrescenta que a questão das estruturas abandonadas foi abordada, mas não esclarece mais nada.ComentárioSalvem a Ribeira de SantarémO executivo da Câmara de Santarém, liderado por Moita Flores, prometeu revolucionar a pobreza franciscana a que votaram desde há muitos anos a histórica aldeia da Ribeira de Santarém. O autarca chegou a confessar a pessoas amigas que era a altura para investirem em património na Ribeira de Santarém procurando de certa forma passar a mensagem de que algo ia mudar.A reportagem que O MIRANTE publica nesta edição é o espelho do respeito pelos compromissos assumidos pelo executivo de Moita Flores e diz bem da falta de vergonha dos políticos pela palavra dada.Não bastava terem frustrado todas as expectativas e ainda deixam à mostra a vergonha do insucesso dos seus investimentos, com prejuízos evidentes para as populações, para o meio ambiente e para o rio Tejo que não tem culpa nenhuma da incapacidade gestora dos políticos.Sou um dos cidadãos que todos os dias atravessa a ponte D. Luís e chama nomes aos desastrados dos políticos que são responsáveis pelos monos deixados no leito do rio depois de terem gasto o dinheiro mal gasto e faltado aos compromissos assumido com as populações.Joaquim António Emídio
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