Esforço e carolice garantem presença de pescadores da Castanheira no Mundial
Pedro Marques, Fernando Costa e Pedro Antunes levam na bagagem muita ambição
Os três pescadores vão competir em escalões e datas diferentes. República Checa, Eslovénia e Portugal são os cenários onde se desenrola o Campeonato do Mundo. Atletas levam na bagagem a bandeira da Castanheira e a ambição de trazer um bom resultado para o concelho.
Três pescadores do Clube Amadores de Pesca da Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, vão representar Portugal no Campeonato do Mundo de pesca desportiva que se realiza em Portugal, Eslovénia e República Checa.Pedro Marques (juvenis), Pedro Antunes (seniores) e Fernando Costa (veteranos) vão competir com as cores de Portugal e da freguesia da Castanheira ao peito. O clube, fundado em 1975, continua apostado na divulgação da modalidade e na formação de atletas para as grandes provas internacionais (ver caixa).Pedro Marques, de 11 anos, compete na Eslovénia entre os dias 23 e 29 de Julho, no escalão de juvenis. Vai representar Portugal juntamente com outros quatro jovens atletas do país. “É a primeira vez que vou a um campeonato do mundo mas não estou nervoso”, refere Pedro, que aprendeu a pescar com o pai, António Marques, que já foi quatro vezes campeão nacional. “O maior peixe que apanhei até hoje foi uma carpa de 3 quilos e 600 gramas. Ainda não sei as condições que vou encontrar lá fora mas quero dar o meu melhor”, afiança. É actualmente o único jovem a pescar no clube da Castanheira.Na classe de veteranos Fernando Costa, 61 anos, compete no mesmo campeonato em Penacova de 7 a 12 de Agosto. Está no clube desde o seu início. “Comecei a pescar por necessidade e mais tarde por lazer. Já tenho tantos anos disto que na pesca já nada me surpreende”, diz com um sorriso. Diz que não faz a conta a quanto gasta por mês neste desporto. O material de pesca tem evoluído imenso mas é preciso dinheiro para o pagar. “Uma cana que há 10 anos pesava quase um quilo hoje pesa 600 gramas. É tudo mais leve e robusto, mas mais caro”, explica. Fernando Costa diz que enquanto tiver forças para pegar na cana e olhos para ver a bóia que vai continuar a pescar. O que mais o entristece é a falta de jovens pescadores. “Há uns anos consegui levar 30 jovens à pesca mas foi uma ideia que não singrou. Os pais queixavam-se de não ter tempo para levar os filhos a pescar. Preferem que fiquem agarrados à televisão”, lamenta.Por fim, Pedro Antunes, 42 anos, assistente técnico de instalações eléctricas, vai deixar de lado a profissão do dia-a-dia durante uns dias para ir competir na República Checa no principal escalão da modalidade: os seniores. “É uma grande honra representar a selecção portuguesa e vou dar o meu melhor”, conta a O MIRANTE. Começou a pescar no clube da Castanheira aos 13 anos. “Pescar lá fora vai ser diferente, tem peixes diferentes dos nossos e técnicas diferentes. Vamos ter uma semana oficial de treinos antes da competição e será aí que vamos ler a pesca que lá se faz para tirarmos uma ideia do que temos de fazer para vencer. Compreender o estilo de pesca e as técnicas de pesca que se utiliza lá é o mais importante. Os engodos também vão ser trabalhados de forma diferente”, explica. O maior peixe que pescou até hoje pesava sete quilos. Uma das suas preocupações é a poluição dos rios portugueses. “Apesar de a poluição já se ter sentido mais a verdade é que ainda é um problema e por vezes verificam-se descargas ilegais. Deve haver mais sensibilização e fiscalização para as pessoas não destruírem os rios”, apela.Um clube virado para a competiçãoO Clube Amadores de Pesca da Castanheira do Ribatejo foi criado em 1975 e aposta forte na área da competição, especialmente na pesca desportiva de rio. Custódio Raposo é presidente da direcção há quatro anos. “Este ano fizemos um esforço para captar outros pescadores para chegarmos à primeira divisão. Estamos a competir na segunda divisão nacional mas já estivemos na primeira. É para lá que queremos voltar, dá outra visibilidade ao clube”, explica. A presença de três atletas no campeonato do mundo dá uma confiança redobrada ao dirigente para continuar o trabalho desenvolvido no clube. Actualmente pescam 13 atletas em competição mas o clube tem perto de 300 sócios. Pescam sobretudo na Ribeira de Cabeção, Sorraia (Coruche e Santa Justa), Lis (Monte Real) e também no rio Tâmega (Chaves e Cavez) e Mondego (Penacova e Coimbra). “Precisamos de pistas próprias para pescar e isso só é possível em municípios que tenham as margens dos rios limpas e equipadas com as pistas de pesca”, explica a O MIRANTE. As dificuldades são as mesmas de todos os outros clubes do concelho: redução de atletas e de sócios pagantes. “Na hora de cortar na despesa as pessoas cortam primeiro nos hobbies”, lamenta. Os interessados em aprender a pescar com o clube só têm de aparecer nas instalações da associação. “Se não tiverem material nós podemos sempre emprestar algum do nosso”, conclui Custódio Raposo.
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