A concessão a empresas privadas, da rede de água e de saneamento em baixa, que renderia ao município do Entroncamento cerca de três milhões de euros, foi posta de lado. O que vai acontecer é a sua entrega à Águas do Centro, a quem já tinha sido entregue o sistema em alta (Fornecimento de Água e Recolha de Águas Residuais para tratamento). A informação foi dada a O MIRANTE pelo presidente da câmara, Jaime Ramos (PSD).O autarca diz que naquela decisão pesou a impossibilidade de sobrecarregar os munícipes com mais aumentos. O município aumentou a factura da água entre 30 a 50 por cento, no início do ano. As contas foram feitas para que deixasse de haver prejuízos de exploração, como determina a legislação em vigor. Todos os cálculos assentavam no pressuposto que as tarifas da Águas do Centro iriam subir 3 por cento mas o aumento, autorizado pelo Estado, foi de 5 por cento (e a Águas do Centro tinha pedido 10). “Esse aumento veio baralhar-nos as contas. Voltámos a ser deficitários embora o prejuízo que suportamos agora seja insignificante ao pé do que suportávamos anteriormente”.Para manter o interesse das empresas privadas na concessão teria que haver novos aumentos para eliminar o deficit. Assim, os três milhões de euros que resultariam da concessão continuam inscritos no orçamento, numa rubrica com a designação “Receitas Correntes Diversas” mas não irão entrar nos cofres do município. “Para ser feita a concessão por aquele valor tinha que haver uma actualização das taxas que penalizaria ainda mais os munícipes. Por isso desistimos”, explica Jaime Ramos. A Águas do Centro (empresa responsável pela gestão e exploração do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento de Raia, Zêzere e Nabão),é uma empresa de capitais públicos, detida em mais de 70 por cento pela Águas de Portugal que integra vários municípios na sua estrutura accionista. “Neste momento está a ser feito o estudo pelas Águas do Centro, através das Águas de Portugal, para a verticalização dos sistemas em baixa em todo o país. Somos parceiros da Águas do Centro não vamos à procura de outros. Vamos entregar as águas ao sistema a que pertencemos. Estamos a fornecer os dados. Temos um engenheiro e um técnico de contas a dar todos os dados possíveis para que o estudo seja o mais rigoroso possível.”, explica o presidente da Câmara Municipal do Entroncamento.O autarca explica que a entrega não é feita a troco de dinheiro. “Não entra dinheiro nenhum. Vamos receber rendas. Quanto mais tiverem os municípios mais renda recebem ou menos pagam às Águas do Centro.”.Jaime Ramos diz ainda que, se a câmara e a assembleia municipal aprovarem a entrega à Águas do Centro há situações de que não abdicará. E dá um exemplo. Para nós será fundamental ter uma equipa no Entroncamento para actuar a qualquer momento quando houver qualquer ruptura, como nós fazemos. Não posso admitir de forma alguma que ao integrarmos algum sistema isso seja penalizador para as pessoas. Antes pelo contrário. Se hoje há uma ruptura e se nós quando damos com ela entramos às 4 ou 5 da manhã a tratar, no futuro isso também terá que ser feito”.Quanto ao futuro dos trabalhadores do sector de águas, refere que é outra preocupação e lamenta alguma inércia. “Tenho deixado o alerta, principalmente para os mais novos para que frequentem acções de formação. Em sistemas de aquecimento, por exemplo...coisas assim. É fundamental para a sua valorização, seja na câmara ou noutro lado qualquer. Se amanhã fizermos a adesão é importante que os que queiram ficar no município, tenham outras qualificações. Não vamos andar a inventar trabalho para eles. Temos as piscinas e vários outros sistemas. As pessoas podiam aprender e serem as pessoas indicadas para fazer isso. Infelizmente não têm, até à data; estado disponíveis”.