Um jantar no Convento de Cristo onde o secretismo se manteve até ao fim
Jorge Silva Carvalho, antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa, falou pela primeira vez em público em Tomar após a demissão do cargo, graças ao “Fatias de Cá”, mas pouco disse sobre a sua pessoa.
Jorge Silva Carvalho, antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), foi o convidado da “Sala dos Estudos”, um jantar debate que se realiza mensalmente na cafetaria do Convento de Cristo em Tomar, organizado pelo grupo de teatro “Fatias de Cá”. O último aconteceu na noite de 26 de Setembro e juntou 15 pessoas, de várias idades, profissões e vocações, que puderam degustar uma “Tagliatella de Camarão com Espinafres” enquanto tentavam convencer o convidado a falar um pouco de si. Em vão. Foi a primeira vez que o ex-espião - que recusa terminantemente este epíteto, preferindo o termo cérebro de informações - falou em público após se ter demitido do cargo de director do SIED. À chegada, o recado foi logo dado: nenhuma declaração do convidado poderia ser gravada e passada “vox pop” na comunicação social. Poder-se-á dizer que falou muito, durante mais de duas horas e meia, mas disse pouco, uma vez que não permitiu perguntas sobre os motivos reais que o levaram a abandonar o cargo e foi vago a responder como é que está “a ressacar” desta saída após mais de 20 anos a ocupar cargos nos Serviços Secretos. “Abandonei o serviço por uma questão existencial”, disse. O antigo director do SIED, formado em Direito, casado e com três filhos, preferiu narrar cronologicamente como é que os Serviços de Informação surgiram em Portugal, motivados para que não existam “zonas sombra” e, deste modo, consigam reunir um conjunto de informações que servem para proteger o Estado. Pelo meio, ditou que “em matéria de segurança, não há amigos mas sim aliados” e que “a confiança das instituições não se ganha por decreto”. Jorge Silva Carvalho refere ainda que sobre as Secretas existe muita “caricatura a circular nos media” e que, por isso, recusa ser um interlocutor para contribuir para o aumento dessa situação. “Temos que fazer um esforço muito grande para chegar até às pessoas e dizer-lhes que somos pessoas comuns e que há transparência em tudo o que fazemos, por isso considero este tipo de debates importantes”, disse. A próxima “Sala de Estudos” é dedicada ao tema da Fraude e tem como convidado o professor Fernando Branco, professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa. Antes da tertúlia, durante ou depois conforme o ambiente ou os convidados, há um jantar, que custa 19,19 euros aos participantes, seguindo-se um debate moderado por Paula Malheiro.
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