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Portugal perdeu cerca de 112 mil explorações agrícolas nos últimos dez anos

Portugal perdeu cerca de 112 mil explorações agrícolas nos últimos dez anos

Números apresentados em conferência realizada em Santarém onde se sublinhou a importância da manutenção de serviços básicos para evitar o abandono do meio rural.

Nos últimos dez anos as regiões do Ribatejo e do Oeste perderam cerca de 35 por cento de explorações agrícolas e 13 por cento de Superfície Agrícola Útil (SAU). Esta foi uma das principais conclusões da conferência “Fora de Portas”, organizada por João Pedro Pereira e Fernando Bento, no âmbito das comemorações dos 40 anos do Instituto Superior de Contabilidade _ Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). A iniciativa realizou-se na quinta-feira, 27 de Setembro, no auditório da Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Santarém.Segundo a secretária-geral da Associação de Agricultores do Ribatejo, Patrícia Fonseca, deixaram de ser cultivados nos últimos anos em Portugal cerca de 468 mil hectares de superfície total o que corresponde a 112 mil explorações agrícolas. Muitos dos agricultores deixaram a actividade mas também existe mais área edificada. “Apesar do aumento da dimensão média das explorações agrícolas, o meio rural perdeu muita agricultura. Um dos motivos foi as pessoas terem saído da região”, afirma Patrícia Fonseca.O director da Agrotejo (União Agrícola do Norte do Vale do Tejo), Mário Antunes, refere, no entanto, que na área onde a colectividade que dirige trabalha - desde Abrantes até Alpiarça - não há abandono de terras. É nesta zona, a norte do vale do Tejo, que existem as principais agro-indústrias. Mário Antunes atribui o sucesso ao facto dos empresários da Agrotejo terem uma “grande” capacidade de produção e os solos serem de elevada qualidade. Lamenta, no entanto, que entre 2006 e 2011 tenham entrado na actividade apenas 14 jovens agricultores e 119 tenham abandonado por vontade própria ou por morte. O discurso do administrador da Bonduelle, António Manso, veio contrariar o cenário negativo da agricultura. Noventa por cento da sua matéria-prima é produzida nos campos ribatejanos sendo que 85 por cento é para exportação.Mário Antunes e Rui Igreja, secretário-geral da ACHAR (Associação dos Agricultores de Charneca), defendem que para evitar o abandono rural é fundamental que não se percam serviços básicos como escolas, extensões de saúde, postos de correios. O encerramento desses serviços nos meios rurais, como está a acontecer, dificulta a fixação de pessoas nas zonas mais rurais.A assistir à conferência esteve o director regional de Agricultura, Nuno Russo, que lamentou o facto dos dados serem de 2009 o que, na sua opinião, não retrata totalmente o que se passa na actualidade. Nuno Russo diz que, em média, dão entrada 200 novos projectos por mês apresentados por jovens agricultores.Maria João Botelho, coordenadora da Aproder (Associação para a Promoção do Desenvolvimento Rural do Ribatejo), referiu que a crise está a criar novas gerações de agricultores e esse é um factor muito positivo. “Há que criar mecanismos para acolher e absorver estes jovens que querem entrar na actividade. Muitos têm formação agrícola e temos que os apoiar e fixá-los nas zonas rurais”, destacou.Projecto seguro para combater roubos agrícolas A GNR também esteve presente na conferência “Portas Abertas” onde o capitão Duarte da Graça falou do programa Projecto Seguro, desenvolvido em conjunto com os agricultores para dar resposta aos furtos que têm acontecido nos últimos anos. Os objectos alvos de furtos contêm um GPS que envia uma mensagem para o telemóvel do agricultor em caso de roubo. O proprietário entra em contacto com a GNR que se dirige ao local para verificar a situação. “É uma forma de combater a criminalidade e prevenir o furto de metais”, concluiu o capitão.
Portugal perdeu cerca de 112 mil explorações agrícolas nos últimos dez anos

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