Algumas palavras a menos
A minha última crónica neste espaço deveria ser sobre livros, cinema, artes plásticas ou o que vai agora pelo Tejo abaixo. Gostava que fosse sobre música mas acho que nunca conseguirei arte e engenho para escrever sobre o tema. Termino com a política como assunto principal.A passada semana foi especial porque tivemos reunida em Santarém a Associação Nacional de Municípios. Uma tourada como toda a gente sabe. Na altura mais difícil para o Poder Local os autarcas estiveram mais divididos do que nunca. Vamos bater no fundo com os governantes que temos. António José Ganhão e Maria da Luz Rosinha fizeram a diferença embora com posições diferentes. Mas fica o registo porque são dois autarcas em fim de mandato e com Obra feita.Nesta edição damos conta de uma história que vai custar milhares de euros à Câmara do Entroncamento por causa da falha dos serviços da autarquia na publicação de um concurso público no jornal oficial da União Europeia. Tem sentido chamar a atenção para esta notícia porque este Governo deu uma machadada na transparência da coisa pública ao dar indicações a todos os organismos públicos para que não gastem um cêntimo em publicações na imprensa. Como é evidente os jornais perderam uma receita significativa mas a democracia também perdeu mais uma batalha. A União Europeia vai ao bolso à Câmara do Entroncamento e arranjou-lhe um sarilho que ainda vai dar muito que contar uma vez que a Obra já vai a meio e até o concurso público vai ter que ser repetido. Por outro lado o Governo do país dispensa os jornais e para poupar dinheiro faz o contrário daquilo que a União Europeia quer para manter a transparência dos concursos públicos. Há um secretário de Estado no meio de tudo isto que ninguém sabe o que anda a fazer e se tem alguma opinião. Arons de Carvalho (PS) e Feliciano Barreiras Duarte (PSD) vão ficar na história por terem vistas curtas e não conhecerem o país em que vivem. Por mais do que uma vez tiveram responsabilidades no sector da Comunicação Social e em todas as vezes falharam redondamente.Esta semana estive na Assembleia da República a assistir a um debate sobre agricultura. No intervalo fui beber um café e paguei 35 cêntimos. Ao meu lado um dos oradores do encontro desafiou a senhora da cafetaria a abrir uma pastelaria no Algarve. O debate era sobre a cultura da beterraba que se semeia nos campos do Ribatejo e Alentejo. Para bom entendedor meia palavra basta. Para não me chamarem mentiroso confesso que o meu café foi pago pelo deputado Vasco Cunha que presidia à comissão e que reuniu alguma da fina flor dos nossos agricultores e dirigentes associativos.O título desta última crónica neste espaço é enganador. No lugar da crónica publicaremos algumas das notícias que nos últimos tempos têm ficado nos computadores por falta de espaço. Espero compensar as palavras a menos neste espaço com outras palavras mais certeiras e inteligentes noutras secções do jornal. Um jornalista só se reforma no dia em que morre. Apesar de ir a caminho dos setenta anos (só me faltam 12 e ainda ontem tinha 30 anos!!!) sinto que ainda posso continuar a dar o meu melhor por este projecto editorial que faz a diferença na imprensa regional portuguesa. JAE
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