No primeiro andar da Casa do Administrador - Museu Municipal de Ourém ecoa “Pó de Arroz”, de Carlos Paião. Música da época em que a Casa de Ourém em Lisboa estava no auge e foi ponto de encontro e convívio de muitos oureenses que viviam na capital e estavam longe da terra natal. Uma fotografia ampliada da entrada da Casa de Ourém em Lisboa assinala o início da exposição “Da Casa de Ourém ao KM 110” patente até final de Dezembro deste ano.Dois anos após o fecho da Casa de Ourém em Lisboa, o acervo da casa foi doado ao município oureense, que agora o resolveu colocar em exposição. O objectivo é para que quem por lá passou recorde as suas memórias e os mais novos saibam como era a vida há 50 anos. Desde 18 de Maio, altura em que a exposição foi inaugurada, já passaram pelo museu municipal cerca de 3500 visitantes, sobretudo público estudante que vem para descobrir os movimentos migratórios dos anos 40 e 50 do século passado.No espaço é possível encontrar fotografias antigas, fichas dos primeiros sócios da casa, uma telefonia e uma máquina de escrever, discos de vinil, um espaço para jogar xadrez, damas, baralhos de cartas e uma mesa de matraquilhos. “A ideia do museu é recriar os ambientes que havia na Casa de Ourém em Lisboa, um espaço de confraternização entre oureenses”, explica Ana Rodrigues, uma das responsáveis do museu municipal. De dois em dois meses realizam-se, na cafetaria do museu, jantares temáticos que retratam os jantares que se realizavam na altura. Em exposição está também um mealheiro que tem um significado curioso. Foi o mealheiro com que um dos sócios fundadores andou a recolher dinheiro para posteriormente abrirem a casa. Para quem viaja na auto-estrada no norte entre Torres Novas e Fátima, quando surge a placa indicativa do quilómetro 110, é possível vislumbrar o Castelo de Ourém. Daí surgiu o nome da exposição - “Da Casa de Ourém ao KM 110”. No final da exposição o acervo ficará guardado nas reservas do museu municipal.Presidente da Casa de Ourém em Lisboa durante os últimos 28 anos de existência, Carlos Justo considera que o encerramento do espaço e a entrega do espólio à autarquia foi a decisão mais acertada, embora lhe tenha “doído” o coração no dia em que teve que entregar as chaves da casa. Apaixonado pelas memórias da Casa de Ourém, que frequentou com regularidade, é visita frequente da Casa do Administrador.