Como é hábito a Associação Desportiva Fazendense tem um plantel de boa qualidade mas muito curto, o que em caso de lesões ou castigos obriga o treinador a grandes alterações de jogo para jogo. A equipa tem, por isso, pautado as suas exibições por grande irregularidade, e os resultados não correspondem ao valor do plantel.Domingo, dia 4 de Novembro, os fazendenses receberam a forte equipa do Clube Desportivo Amiense, e mesmo com algumas alterações e com a entrada de alguns jogadores muito jovens, a equipa correspondeu em pleno e venceu o seu poderoso adversário.A vitória começou a desenhar-se aos 10 minutos quando Lucas acorreu de cabeça a uma bola cruzada por Joel e bateu o guarda redes Daniel Casaleiro, do Amiense. As duas equipas jogavam bem e dois minutos depois foi a vez do Amiense igualar a partida. João Magalhães recebeu a bola na área, redopiou e pontapeou com força e colocação, não dando hipóteses de defesa ao guarda redes Sérgio.“Desta vez a equipa não se desuniu, como aconteceu no último jogo em Mação, onde sofremos quatro golos”, disse no fim o treinador adjunto do Fazendense, Rogério. E na realidade a equipa não acusou o golo sofrido e aos 17 minutos, numa jogada brilhante de contra ataque, Joel voltou a colocar a sua equipa na frente do marcador. Resultado que se registava ao intervalo.Na segunda parte o treinador do Amiense fez algumas alterações na sua equipa. “Tentei dar mais profundidade ao ataque, mas infelizmente nunca acertámos na finalização e acabámos por perder três pontos. A vitória do Fazendense é justa, mereceram-na por aquilo que lutaram. Para nós nada está perdido, ainda falta muito jogo e estamos perfeitamente dentro dos objectivos traçados”, disse Paulo Costa, treinador do Amiense.No segundo período não se registaram golos, houve boas oportunidades para ambas as equipas, mas ou os guarda redes ou os ferros da baliza inviabilizaram a sua marcação. Já em tempo de compensação dado pelo árbitro Luís Sousa, registou-se um lance arrepiante na área do Fazendense. Num cruzamento para a área saltaram à bola três jogadores, treinador/jogador Pedro Rebita ficou no meio e chocou com o joelho do guarda redes Sérgio. Foi um choque brutal e Rebita ficou estatelado no solo a contorcer-se com dores. Viveram-se momentos de aflição, o jogo foi interrompido, o massagista foi chamado e logo se apercebeu da gravidade da lesão. Foi chamado o INEM e Pedro Rebita foi transportado ao Hospital de Santarém, e sujeito a exames foi-lhe detectada a fractura de uma costela, o que o vai obrigar a ficar parado durante pelo menos um mês.O Fazendense é um clube que gira à volta do seu presidenteAntónio Botas Moreira é o “Pinto da Costa” da Associação Desportiva Fazendense, o clube gira à sua volta e é ele que avança quando é preciso colmatar algumas despesas. “Não nego que tenho aqui colocado alguns milhares de euros. Ainda este ano paguei mais de cinco mil euros de gasóleo e comprei uma carrinha para as camadas jovens, acabo de a pagar este mês. Enquanto eu aqui estiver o Fazendense não vai ficar a dever nada a ninguém”, disse o presidente.Botas Moreira já está à frente do Fazendense há mais de trinta anos e garante que enquanto tiver forças e os sócios quiserem não vai deixar o clube. “Tenho disponibilidade, tenho tempo, gosto do futebol e não é fácil aparecer alguém com valor para ficar à frente destas colectividades”.“O futebol tem vindo a perder espectadores. Há uns anos víamos muita gente nos campos a assistir aos jogos, agora são meia dúzia de pessoas a gritar. As coisas estão más e já estamos a estudar uma forma de resolver algumas situações, por exemplo dar entradas de borla a quem provar que está desempregado. Cinco euros para ver um jogo já pesa no bolso das pessoas”, disse Botas Moreira.No Fazendense o orçamento para o futebol baixou quase cinquenta por cento. “E terá que baixar muito mais. As câmaras também vão baixando os seus subsídios, a Câmara de Almeirim ainda é das que cumpre com o prometido. Penso que mais cedo ou mais tarde teremos que fazer como no Inatel, os jogadores vêm jogar por gostarem de jogar futebol”, disse o presidente. Já há muitos anos que o Fazendense não tem qualquer patrocinador. “Pagamos mil euros de luz, pagamos a água e pagamos ao roupeiro e ao massagista, são despesas fixas a que se juntam depois mais três mil euros para jogadores, todos os meses pagamos quase cinco mil euros, a câmara dá-nos três mil, o resto tem que haver alguém a pagar, sou eu e alguns amigos que me ajudam”, referiu Botas Moreira.O presidente garante que não sabe qual será o futuro do futebol sénior, mas que uma coisa é certa, “a formação é que nunca vai acabar enquanto eu aqui estiver. Gastamos muito dinheiro com a formação, mas é para continuar. Gostaríamos de ter o campo aqui ao lado com um sintético, é uma promessa do presidente da câmara, mas também sabemos que a autarquia vive com dificuldades, e continuamos a esperar pelo campo e pela sede, que nos foi também prometida quando derrubaram a nossa”.