O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), renunciou no último dia de Outubro ao mandato autárquico para o qual foi eleito, pela segunda vez, nas eleições autárquicas de 2009. “Chegou a hora da partida, de entregar o testemunho de uma forma pacífica, sem turbulência eleitoral pelo meio”, disse à agência Lusa, sublinhando que sai “com uma grande emoção”. Moita Flores lembrou que, logo quando tomou posse, anunciou que este seria o seu último mandato, tendo decidido sair a um ano das eleições por ter cumprido os projectos essenciais e ter chegado “o tempo de dar o lugar a outros”. Na fase inicial do mandato, tinha escrito que projectava a sua saída após as Festas de São José de 2013, mas entendeu antecipar esse momento possivelmente para ter mais tempo para preparar a sua candidatura à Câmara de Oeiras.Do que considera a vasta obra deixada em Santarém, Moita Flores aponta a “profunda reviravolta” feita nas escolas, a recuperação para a cidade das instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria, o investimento na recuperação dos espaços públicos e das igrejas.Lembra ainda quando resolveu “utilizar a Câmara de Santarém para enfrentar o Governo”, confrontando-o com as longas listas de espera com que os idosos com cataratas se defrontavam, organizando duas levas de gente para operar a Cuba. “Valeu a pena, porque começaram a tratar os velhotes doutra maneira”, afirmou.Ricardo Gonçalves é o senhor que se segueCom a saída de Moita Flores, a presidência da Câmara Municipal de Santarém passa a ser de Ricardo Gonçalves, o nome já aprovado pelo PSD para liderar a candidatura autárquica ao município em 2013. Ricardo Gonçalves nasceu no dia 19 de Julho de 1975, em Santarém. Licenciado em Economia tem também uma pós-graduação em Direito das Autarquias Locais. Já foi presidente da Junta de Freguesia da Azoia de Baixo e, desde 2006, era vereador na Câmara Municipal de Santarém eleito pelo PPD/PSD onde assumiu pelouros como Obras Municipais e o Apoio às Freguesias. Em 2009 passou também a ser vice-presidente da autarquia.Oposição critica jornal de campanha de MoitaO vereador do PS na Câmara de Santarém António Carmo criticou o jornal que Moita Flores mandou distribuir pelo concelho com elogios à obra deixada, referindo que se trata de um “texto literário onde Moita Flores mostra a sua veia de ficcionista”.“Nessa publicação da pouca obra feita aparecem obras que ainda não estão concluídas em se sabe quando vão estar e outras que ainda não começaram nem se sabe se algum dia se chegarão a iniciar”, ironizou António Carmo, sublinhando ainda que Moita Flores não consagra uma palavra ao trabalho de equipa, arvorando-se como o responsável por tudo o que foi feito. “É caso para dizer a Ricardo Gonçalves que com amigos destes...”, observou Carmo sem concluir, acrescentando que no texto não surge qualquer referência à dívida da autarquia. “Sobre esse aumento brutal de 50 milhões para 100 milhões de euros nem uma palavra. Esse sim é um acto que fica para a história de Santarém”.