Sinagoga de Tomar perdeu o seu zelador mas vai manter portas abertas
Luís Vasco foi o responsável pela abertura do único templo judaico medieval que existe no nosso país.
Faleceu no domingo, 4 de Novembro, Luís Vasco, 75 anos, que durante mais de 25 anos zelou pela Sinagoga de Tomar. Foi ele que, juntamente com a sua esposa, Maria Teresa, que na Rua Joaquim Jacinto (rua da Judiaria) conseguiu reabrir, no início dos anos 80, o único templo judaico medieval que existe no nosso país.Tal como contámos numa reportagem publicada em Junho de 2009, a falta de entendimento entre a autarquia de Tomar e o Governo levou a que o Museu Luso Hebraico Abraão Zacuto, criado por Despacho Governamental em 27/7/1939, demorasse a ser concretizado pelo que o tomarense, farto de ver os turistas a bater com o nariz na porta, juntou um grupo de vizinhos e conseguiu que o presidente da câmara municipal da altura, Amândio Murta (PS) lhe entregasse umas chaves do edifício. A partir desse momento, começou a gerir o monumento nacional como se de um museu particular se tratasse e, perante a inércia da câmara municipal e com o aplauso de pessoas interessadas pela história dos Judeus em Portugal, criou uma página na internet onde colocou informação sobre a sinagoga e o museu em português, alemão, italiano, francês, hebraico, inglês, holandês e espanhol. Em Julho de 2011, o espaço foi contemplado com algumas obras e novo mobiliário e, no final desse ano, por ocasião de um evento judaico na Sinagoga, foi alvo de uma homenagem mas, nesse momento, devido ao seu frágil estado de saúde, já se fez representar pela esposa.O funeral de Luís Vasco realizou-se na tarde de terça-feira, 6 de Novembro, juntando no cemitério de Marmelais dezenas de amigos e familiares bem como autarcas do concelho, entre os quais o presidente da Câmara de Tomar, Carlos Carrão. A missa foi celebrada pelo padre João Pedro Bizarro, sobrinho do falecido, que é pároco em Arouca, distrito de Aveiro. “Uma das paixões do meu tio era a sinagoga. Faço um apelo para que mantenham as suas portas abertas para que a memória possa perdurar em Tomar”, disse. Após o funeral, Carlos Carrão garantiu a O MIRANTE que, apesar desta perda, a Sinagoga de Tomar vai manter as suas portas abertas, tendo a autarquia que integrar o monumento no conjunto dos outros equipamentos municipais e arranjar uma solução, em termos de recursos humanos. “Não faz sentido fechar a Sinagoga de Tomar numa altura em que até aderimos à Rede Nacional de Judiarias”, atestou.
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