A “Voz da Natureza” falou pela nona vez na Escola de Santa Maria do Olival em Tomar
Em Portugal existem 3.320 espécies de plantas (65 arbóreas; 60 de orquídeas); 70 espécies de mamíferos (excepto marinhos); 220 espécies de aves, 34 espécies de répteis (7 cobras; 2 venenosas); 21 espécies de anfíbios (5% são rãs e relas); 130 espécies de borboletas diurnas e 2.000 nocturnas. Estas informações foram dadas no decorrer da palestra que o biólogo Jorge Paiva profere anualmente a convite da Escola Secundária de Santa Maria do Olival em Tomar. Este ano, na sexta-feira, decorreu a nona edição da biodiversidade. O tema escolhido foi: “Costa Rica - o maior centro de biodiversidade da América Central”. Os dados sobre a biodiversidade portuguesa foram comparados com os do pequeno país latino-americano que tem metade da dimensão e da população de Portugal mas uma biodiversidade incomparavelmente maior. 10.000 espécies de plantas (2500 arbóreas; 1000 de orquídeas); 250 espécies de mamíferos (excepto marinhos); 894 espécies de aves; 225 espécies de répteis (135 cobras; 17 venenosas); 194 espécies de anfíbios (85% são rãs e relas); 1.250 espécies de borboletas diurnas e 8.000 nocturnas. O auditório da biblioteca municipal de Tomar não estava cheio porque às 18h30 ainda havia muitos aficionados do tema e do conferencista a sair do trabalho. Mas quem estava presente não deu pelo tempo passar. É assim todos os anos. O professor Jorge Paiva é um comunicador nato e um conhecedor profundo dos assuntos. Conhece todas as florestas equatoriais de todos os continentes. A seguir às palestras decorre, do outro lado da rua, na Escola de Santa Maria do Olival, outro momento muito aguardado. O jantar lusitano que o próprio convidado ajuda a confeccionar e para o qual traz alguns dos produtos. Para entrada há castanhas, bolotas, medronhos, mirtilos, pinhões, queijo de cabra, presunto de porco bísaro e de porco preto. Para beber há água e cidra. Alunos, professores, funcionários e elementos da universidade sénior de Tomar apresentam um espectáculo e cantam algumas canções em jeito de aperitivo. A seguir vêm as carnes de javali, pato-bravo, lebre. Tudo acompanhado de creme de maçã, castanhas, chícharos e a já famosa salada Professor Jorge Paiva. Numa mesa há um exemplar de todos os ingredientes usados e a par dos nomes comuns, os nomes científicos. “Agrião - Nasturtium officinale; Rúcula - Eruca sativa; Saramago - Raphanus raphanistrum”, etc, etc... O pudim de castanhas reina por entre as sobremesas. A directora da escola, Celeste Sousa, diz que no final do jantar a primeira coisa que acerta com o biólogo é a data da conferência do próximo ano. Para o ano é a décima edição. Uma data redonda que merece ser comemorada de uma forma especial, com a presença de quem vai sempre e daqueles que estando interessados na biodiversidade, nunca tiveram oportunidade de ir. E uma altura para todos cantarem os parabéns ao biólogo que completa 80 anos, a 17 de Setembro.“Somos uma espécie estúpida”Jorge Paiva é licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Coimbra e doutorado em Biologia pelo Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha), tendo sido investigador principal no Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra. Aposentado, continua a fazer investigação em Botânica e a defender a preservação do ambiente através das palestras que faz, nomeadamente em escolas. Diz que já fez para cima de 1700, sempre gratuitas. “Não admito que me paguem sequer as viagens para que não se diga que estou a tirar proveito disso. É a minha actividade cívica. Sou a voz da Natureza!”, afirma. O que o desanima é não haver mais gente a fazer o mesmo e a impedir a destruição da biodiversidade. “Somos uma espécie estúpida porque estamos a destruir o ecossistema onde vivemos, mais nenhuma espécie faz isto!”, afirma. Há vinte e dois anos que, pelo Natal, envia dois mil cartões de Boas-Festas com problemas ambientais a pessoas e instituições. Ao longo da sua vida descobriu, baptizou e classificou 140 espécies de plantas e o seu nome foi dado por outros biólogos a plantas que descobriram e classificaram, como homenagem ao seu contributo para a botânica mundial.
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