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No distrito de Santarém já só existem 83 marcos do correio tradicionais

Cartões de Boas-Festas em papel ainda sobrevivem por uma questão de tradição e prestígio

A correspondência em papel existe e é significativa mas a maior parte é enviada por instituições e empresas. Muita dessa correspondência é entregue directamente nas estações dos correios. As cartas pessoais em papel e os cartões de boas-festas são cada vez menos e na quase totalidade enviados por pessoas acima dos cinquenta anos. Os CTT vão retirando os marcos do correio “adaptando a oferta à procura”

O poema foi escrito por Frederico de Brito e a canção esteve em voga nos anos cinquenta do século passado, interpretada por Alberto Ribeiro, um cantor e galã da altura. Chamava-se “Marco do Correio” e reflectia a realidade das comunicações de então. “Minha rua sossegada/Tem à beira do passeio/A coisa mais engraçada/Que é o marco do correio”. Com a crescente vulgarização da internet e a consequente diminuição do correio pessoal em papel, os marcos do correio tradicionais, cilíndricos, de cor vermelha (azul em alguns locais quando passou a haver correio azul), começaram a desaparecer. Os CTT removeram nos últimos dois anos cerca de 353 em 13 distritos. Lisboa e Porto perderam 186 e 97, respectivamente. No Distrito de Santarém, segundo fonte oficial da empresa, apenas foram removidos 8 mas muitos mais irão desaparecer, a pouco e pouco.Segundo a mesma fonte, “o tráfego médio de correio nos marcos removidos era inferior a 10 cartas por dia, número insuficiente para justificar a existência do equipamento, considerando que existem sempre alternativas próximas. Acresce que alguns dos marcos removidos estavam em mau estado de conservação”. A mesma fonte garante que “em nenhuma situação é posta em causa a acessibilidade da população aos equipamentos de entrega de correspondência e todas as retiradas de marcos/caixas de correio são sempre coordenadas com as câmaras municipais sendo tida em conta a densidade populacional de cada localidade e a área de abrangência dos pontos de recolha mais próximos.”. No distrito de Santarém existem actualmente 83 marcos tradicionais e 797 caixas de recepção de correspondência, que ocupam menos espaço e não dificultam a mobilidade porque não são instaladas no meio dos passeios. A oferta enquadra-se na média nacional. “Portugal tem cerca de 1 posto de recolha por 600 habitantes, densidade que é superior à média europeia, de 720 habitantes por posto de recolha. A adaptação está já concretizada na sua quase totalidade, uma vez que durante 2011 o número de postos de recolha foi reduzido em 20%”, diz a empresa. Recorde-se que os primeiros marcos do correio foram implantados na via pública em 1821. Cada vez mais longínquo está o universo da canção de Alberto Ribeiro. “Marco do Correio/ De portinha ao centro/ Não sabes, eu creio/ O que tens lá dentro/Quantas raivas e desejos/ Mil respostas e perguntas/ Quantas saudades e beijos/ E quantas lágrimas juntas/ Marco do correio/ Deixa-me espreitar/ Deixa que eu não leio/ Nem vou divulgar/Vá lá, não fiques zangado/ Deixa-me ver por favor/ A carta que tens ao lado/ A carta do meu amor”.

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