Caro senhor Martinho, admiro a sua benevolência para com os carteiristas. Desejo que lhe roubem mais vezes a carteira e que tenha tempo e dinheiro para andar a tratar dos documentos mesmo que não tenha lá muito dinheiro. Sabe o preço da anulação de um cartão de crédito, por exemplo? E da emissão de um novo cartão do cidadão? O meu antigo bilhete de identidade foi-me roubado há quatro anos por um desses inofensivos carteiristas e ainda hoje sou incomodado por causa de contratos com empresas fornecedoras de serviços, cheques emitidos em meu nome, etc, etc... As voltas que já dei e os incómodos que tive aliados ao dinheiro já gasto devem estar ao nível do que os tais engravatados me têm roubado através de impostos e coisas assim. (Não sou funcionário público como suponho que o senhor seja e por isso não posso calcular os seus prejuízos). Compreendo o seu ponto de vista mas tem que afinar melhor a calculadora. A mim, os carteiristas amedrontam-me porque nunca andam sozinhos mas em grupos de três ou quatro, causam-me um sentimento de insegurança que não consigo quantificar em dinheiro. Fazem-me sentir violado na minha intimidade quando me levam documentos pessoais que transporto comigo. Em suma. Para criticar os engravatados não é necessário minimizar os efeitos, para mim devastadores, dos carteiristas. Não concorda?José Montes Freches