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Inexperiência de guardas gerou confusão em protesto na ponte de Santa Justa

Inexperiência de guardas gerou confusão em protesto na ponte de Santa Justa

Essa é a opinião de quatro arguidos que estão a ser julgados no Tribunal de Coruche por manifestação ilegal

Para os quatro arguidos, entre os quais o presidente da Junta do Couço e o coordenador da União dos Sindicatos de Santarém, o que devia estar a ser julgado era a necessidade de se arranjar uma ponte que é um risco para a segurança das pessoas.

Os acontecimentos no protesto não autorizado há pouco mais de um ano na ponte de Santa Justa, Coruche, precipitaram-se devido à inexperiência dos militares da GNR que tentaram demover cerca de 200 pessoas que queriam passar a travessia numa acção de protesto pelo mau estado da estrutura. Esta foi uma das ideias que os quatro arguidos, acusados de desobediência ao prosseguirem com uma manifestação não autorizada, fizeram passar na primeira sessão do julgamento. E que acabou por ser admitida pelo comandante do posto da GNR de Coruche à época, Sérgio Malacão, confirmando que os guardas, com dois meses de profissão, deviam ter aguardado por reforços.O presidente da Junta do Couço, Luís Ferreira, o coordenador da União dos Sindicatos de Santarém, Rui Aldeano, e dois elementos da comissão de utentes, Rui Afeiteira e Lucinda Santos, começaram a ser julgados sexta-feira, 18 de Janeiro, e nas suas declarações ao Tribunal de Coruche fizeram questão de dizer que o problema principal são as condições de segurança da ponte. Os quatro gostariam que o tribunal apurasse quem é responsável pela ponte e que condenasse alguém a repará-la, já que tem problemas na estrutura e está apenas aberta a veículos ligeiros.No dia dos acontecimentos, 11 de Dezembro de 2011, as coisas acabaram por gerar alguma confusão. Todos os arguidos confirmaram que o protesto nasceu de forma espontânea numa reunião da comissão de utentes em que alguém da assistência instigou a que se fosse ver a ponte e avisar os automobilistas para o perigo de a atravessar. Questionados sobre o facto de haver uma faixa de protesto em pano, os arguidos disseram que aquela faixa já estava feita há algum tempo, que tinha servido para um protesto na Câmara de Coruche e que estava na sala da reunião como elemento de decoração. Lucinda Santos admitiu que foi quem se lembrou de ir buscar a faixa quando se iniciava a marcha para a ponte.Os primeiros militares da GNR que chegaram ao local disseram que os quatro arguidos foram identificados como os cabecilhas da manifestação porque eram os que iam à frente e os que instigavam os restantes participantes, sobretudo idosos, a prosseguirem. Um dos guardas disse que falou bem alto para que as pessoas desmobilizassem, mas tanto este como o colega confirmaram que não usaram o altifalante instalado no carro patrulha porque o equipamento estava avariado. O procurador do Ministério Público questionou-os sobre se mesmo falando alto era possível que todos ouvissem a ordem para cessar o protesto, tendo ficado a dúvida já que um disse que as pessoas estavam em silêncio e o outro afirmou que havia algum barulho.Para os arguidos a intenção era atravessar a ponte a pé e referiram que o trânsito ficou impedido de circular pelo menos meia hora porque a GNR quando apareceu parou o jipe em cima da ponte. Recorde-se que na altura a Guarda não identificou ninguém e que só posteriormente andou à procura das pessoas para as identificar. O coordenador distrital do PCP, que apesar de não ser testemunha esteve presente na primeira sessão do julgamento, disse a O MIRANTE que foi a actuação da GNR que fez precipitar as coisas. Octávio Augusto referiu que ouviu um guarda dizer que identificava Rui Aldeano porque estava referenciado como organizador de manifestações.No início do julgamento foi exibida à porta do tribunal uma faixa de protesto em solidariedade para com os arguidos no processo, dizendo “Pelo direito à indignação e resistência - Viva o 25 de Abril”. A sala de audiências encheu-se com população do Couço e de Santa Justa. No final da sessão o presidente da Junta do Couço referiu que a população está disposta a continuar a lutar pela reparação da ponte que tem trânsito nacional, já que liga a Montargil, Ponte de Sôr e Portalegre. A ponte foi construída pelo Estado para servir a obra de rega do Vale do Sorraia, tendo durante vários anos sido usada pelo tráfego agrícola.
Inexperiência de guardas gerou confusão em protesto na ponte de Santa Justa

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