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Era um crítico dos políticos e agora que trabalha na câmara acomodou-se

Era um crítico dos políticos e agora que trabalha na câmara acomodou-se

Joaquim Salvador, que fundou o grupo de teatro Revisteiros, passou de jovem rebelde a animador cultural do Município de Benavente

O animador cultural da Câmara de Benavente, Joaquim Salvador, esteve no Palácio do Infantado na noite de 6 de Fevereiro para uma conversa em torno da sua vida e obra. De jovem rebelde e polémico, admite que com o tempo se “acostumou”.

Joaquim Salvador era conhecido por criticar os políticos quando o grupo de teatro que fundou apresentava peças no concelho de Benavente, mas agora que trabalha como animador cultural para a câmara municipal atirou a polémica para trás das costas e confessa mesmo que se acomodou. Com 44 anos, o fundador do grupo Revisteiros admite ser uma figura de ódios e paixões e salienta que com a idade se tornou mais maduro. A revelação foi feita num serão que decorreu na Biblioteca Carlos e Odete Gaspar, no dia 6 de Fevereiro, em torno da sua vida e obra que teve a participação de perto de 30 pessoas. “Ele também apresentava a violência do sexo como a coisa mais bela do amor e isso chocava as pessoas”, referiu o ex-presidente da Junta de Samora Correia, Rogério Pernes, a quem Joaquim Salvador costumava dizer “lá vem o velho”. Também o escritor Domingos Lobo recordou alguns espectáculos dos Revisteiros que tinham uma “linguagem rebelde que chocava algumas almas e criava inimizades”. “Eu próprio me senti ofendido quando ele disse numa entrevista que eu precisava de mudar de óculos. Sempre apreciei o seu trabalho e rebeldia, que numa comunidade tão consolidada como Benavente ou Samora Correia traz sempre problemas”, referiu Domingos Lobo. Joaquim Salvador assumiu que agora está mais acomodado e que, ao trabalhar para a Câmara de Benavente, não sobra grande margem de manobra para a rebeldia. “Encostei-me. Se era isto que eu gostava? Era isto e mais alguma coisa. Sei que estou a ficar mais velho porque não me criticam tanto. Lembro-me de dar umas alfinetadas aos políticos e deixar tudo em polvorosa”, recorda. Mesmo assim, não deixou de dar um recado à vereadora da cultura, Gabriela Santos, que estava presente. “Os Revisteiros têm muita saudade da sua antiga sede, a antiga cooperativa, onde conseguíamos ter espaço e tempo para criar. Sei que continua a ser o nosso espaço, só que não temos água nem luz”, referiu sem obter qualquer resposta. Filho de um casal que trabalhava no campo, Joaquim Salvador é desde menino um apaixonado pelo teatro. “Samora Correia era uma terra muito fechada. As pessoas viviam em torno dos problemas da terra de onde tiravam o seu sustento. Eu queria outra vida”. Sempre lutou pelo seu sonho e o seu trabalho começou a ser reconhecido, abrindo-lhe portas para peças de teatro de Filipe La Féria ou para a participação em programas de televisão como o “Big Show Sic” ou “Malucos do Riso”. Hoje divide-se entre Samora Correia e Lisboa, embora praticamente todo o seu trabalho profissional seja desenvolvido em Samora. Procura em muitos dos trabalhos que realiza dar a conhecer a identidade e raízes da comunidade de Samora Correia.
Era um crítico dos políticos e agora que trabalha na câmara acomodou-se

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