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O hábito de fotografar os mortos com família e amigos antes do funeral

Em Portugal faz-se como na maioria dos países ditos civilizados. Esconde-se a morte e por isso seria impossível nesta altura, encontrar quem fotografe os seus defuntos, guardando aqueles registos num álbum de família. Aqui as pessoas nem sequer podem morrer tranquilamente em casa. Mortas ou à beira da morte mandam-nas de urgência para os hospitais onde, aí sim, podem morrer. Perguntem aos médicos das urgências dos hospitais da região o que acontece todos os dias quando a noite cai. Perguntem às corporações de bombeiros quantos transportes de moribundos fazem diariamente depois do jantar. Lares de idosos, famílias com idosos acamados em fim de vida, unidades de cuidados continuados, despacham os seus doentes graves para as urgências hospitalares ao mínimo sinal de morte iminente. Há idosos acamados que andam num carrossel de morte até exalarem o último suspiro. Não há sossego para eles. Nas urgências, o que podem fazer os médicos senão tratá-los. Digo tratá-los e não curá-los porque o que eles têm não tem cura. Apanham frio nas deslocações, bactérias, vírus. Levam com doses de medicamentos que os deixam abananados. Ficam confusos e desorientados que nem sabem onde estão e quando não são devolvidos ao remetente para voltarem no dia seguinte outra vez, vão para unidades de curta duração que fazem o mesmo ao fim de um ou dois dias. E é assim até morrerem. Viagens, tratamentos com medicamentos agressivos, mudanças de ambiente. Os que ainda conservam uma réstia de consciência só desejam que a morte chegue depressa. Carlos Monge

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