O ministro demissionário também é contestado no seu berço político
O percurso de Miguel Relvas no Governo chegou ao fim por vontade do próprio, mas em Tomar, onde é presidente da assembleia municipal, também tem sido bastante contestado.
Não chegou a metade do mandato a passagem de Miguel Relvas pelo Governo enquanto ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. O presidente da Assembleia Municipal de Tomar, líder do PSD no distrito de Santarém durante vários anos e ex-deputado por esse mesmo círculo eleitoral legislaturas a fio, não sobreviveu ao desgaste causado pelas dúvidas suscitadas acerca das circunstâncias em que obteve a sua licenciatura em Ciências Políticas e Relações Internacionais, concluída em apenas um ano graças a uma série de equivalências. Relvas demitiu-se na tarde de quinta-feira, 4 de Abril. No mesmo dia em que se soube que o Ministério da Educação decidiu enviar para o Ministério Público o relatório da Inspecção-Geral de Educação e Ciência que envolve a licenciatura de Miguel Relvas para que este decida sobre a “invalidade de um acto de avaliação de um aluno”, por se considerar que existe “prova documental de que uma classificação de um aluno não resultou, como devia, da realização de exame escrito”.Os últimos tempos foram provavelmente os mais difíceis e atribulados da já longa carreira política de Miguel Relvas, acossado pela comunicação social e pela opinião pública e publicada e contestado até no seu berço político, Tomar, onde no dia 28 de Fevereiro escapou à tangente do que seria uma humilhante destituição do cargo de presidente da assembleia municipal.Antes, já Relvas tinha perdido a influência no PSD local, que há poucos anos era incontestável e incontestada, com as listas por si apoiadas a saírem derrotadas nas duas últimas eleições para a concelhia social-democrata de Tomar. Do futuro imediato de Miguel Relvas na vida pública ainda pouco se sabe, mas poucos acreditarão que a sua carreira política acabe aqui.Sem condições anímicasNo dia da sua demissão, Miguel Relvas afirmou ter decidido abandonar o Governo há semanas, em conjunto com o primeiro-ministro, e justificou a decisão com falta de “condições anímicas” para continuar nessas funções.“Saio por vontade própria. É uma decisão tomada há várias semanas conjuntamente com o senhor primeiro-ministro. E saio, apenas e só, por entender que já não tenho condições anímicas para continuar”, declarou Miguel Relvas, na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa.Miguel Relvas deixou o cargo de ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares antes da conclusão do processo de reestruturação da RTP, mas depois de ter visto aprovada a reforma administrativa nacional, que levou à redução de 1.165 freguesias. A demissão surge numa altura em que era anunciado para breve um vasto pacote legislativo na área da comunicação social, tutelada pelo ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares demissionário.A reforma administrativa nacional, que levou à redução de 1.165 freguesias, foi o principal projecto do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, na área do poder local. Aprovada no Parlamento no final de 2012, como o Governo pretendia para não colocar em causa as eleições autárquicas de Outubro deste ano, a reforma administrativa foi considerada por Miguel Relvas como o “choque reformista” da administração local.Miguel Relvas foi também o ministro que coordenou o programa Impulso Jovem, de combate ao desemprego entre os jovens, e que até ao começo de Março contava com cerca de 8.000 candidaturas aceites. O programa Impulso Jovem foi lançado em Agosto, mas algumas medidas só ficaram disponíveis mais tarde.
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