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Inovar

Há mais de dez anos que a palavra inovar entrou no léxico do politicamente correto. Na sequência, outras, como ecoinovação, foram e são escritas “por dá cá aquela palha”. Uma moda que, como todas as modas, só serviu para gastar o dinheiro que não temos. Abundaram os planos e estudos, sectoriais, regionais e locais, de inovação. Até parecia mal que uma câmara municipal ou uma região não tivesse um plano de inovação. Qual foi o efeito positivo desses trabalhos, feitos pelos melhores consultores da nossa praça? Como é habitual nesta nossa terra, gasta-se o dinheiro, nada acontece, e ficamos todos amigos como até então. O mais grave é que os anos passam e somos cada vez mais pobres. Valha-nos a generalizada convicção de que a responsabilidade desta triste realidade nunca é nossa, há sempre alguém para quem olhar e, no fim, fica tudo como se nada se passasse.Todavia, a necessidade de operar numa economia globalizada onde a sociedade depende dos recursos naturais e não do capital, é hoje mais premente que há 10 anos e provocará profundas mudanças nos mercados atuais. Inovação não pode ser uma palavra vã, antes, terá que ser uma atitude fundamental e necessária nesta mudança.A inovação não se escreve nem se anuncia, pratica-se. Implementa-se todos os dias, nem que seja nas mais pequenas coisas.Assim, inovar ou morrer, parece ser o dramático desafio. No seu sentido mais puro e objectivo, inovar, são ideias que criam riqueza. Nestes tempos nem é preciso ir tão longe, o essencial é mudar para sobreviver.Vivemos numa sociedade global mas onde os recursos e os meios continuam a ser locais, sendo nesta dimensão que podemos e devemos atuar. É no local onde vivemos, onde trabalhamos, que podemos, ou melhor, temos que atuar em prol da mudança. Se recusamos a nossa parte alguém vai tomar decisões por nós, e, como se constata, o resultado não tem sido bom. Cada vez mais somos todos responsáveis. As pessoas, nesta perspectiva, têm que ser consideradas como parceiros actuantes, atores que influenciam a decisão e decidem, e como tal se devem assumir na configuração do seu destino, não apenas como destinatários passivos dos hábeis programas de desenvolvimento com resultados muito duvidosos que todos conhecemos e sentimos. A cadeia de valor, no seu mais lato sentido, tem que estar presente em todos os nossos recursos. O objectivo é tirar o máximo partido do que temos e responder eficazmente ao mercado. Existem, felizmente, alguns bons exemplos à nossa volta, basta olhar e ver como se faz. De facto, a inovação existe, o desafio é generalizá-la.Temos automóveis, imóveis, computadores etc. a mais e pessoas competentes a menos. Onde estão as competentes? Podemos confiar nas que decidiram até hoje? Carlos A Cupeto cupeto@uevora.pt - Professor na Universidade de Évora

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