A última sessão da Assembleia Municipal de Ourém (AMO) veio demonstrar, mais uma vez, como as relações entre a presidente daquele órgão (eleita pelo PSD e que entretanto se desvinculou do partido) e os eleitos municipais social-democratas estão azedas. A presidente da assembleia, Deolinda Simões aproveitou a sessão para informar publicamente que se desligou da máquina partidária do PSD e que continua o seu mandato como independente. “Podem fazer o que quiserem no partido que já não me incomoda”, afirmou.A declaração de Deolinda Simões levou à reacção da líder da bancada do PSD, Ana Vieira, que lamentou a posição tomada pela ex-companheira, e uma das fundadoras do partido em Ourém. Ana Vieira questionou mesmo Deolinda Simões se achava que estaria em condições de continuar a ocupar esse cargo político. “É uma questão de princípio, a senhora foi eleita pelo PSD, está nesse cargo porque nós [PSD] votámos em si, por isso perguntamos se acha que deve continuar como presidente deste órgão”, criticou.Deolinda Simões não se ficou e referiu que continua a ser social-democrata mas que os problemas internos e discórdias com alguns elementos da concelhia do PSD levaram-na a optar por um mandato como independente. “Podem retirar-me a confiança política, fazerem o que quiserem, isso não me vai retirar o cargo político e eu acho que tenho condições para continuar”, reforçou. No final da troca de argumentos entre Deolinda Simões e Ana Vieira não foi tomada qualquer decisão e a presidente da AMO continuou a dirigir os trabalhos.Recorde-se que, como O MIRANTE publicou na edição passada, depois de 36 anos como militante do PSD, e de ter sido uma das fundadoras da concelhia do partido em Ourém, Deolinda Simões desfiliou-se do partido e concorre ao mesmo cargo nas próximas eleições autárquicas, que se realizam este ano, mas desta vez nas listas do Partido Socialista. Deolinda Simões aceitou o convite feito pelo actual presidente da câmara e recandidato ao cargo, o socialista Paulo Fonseca. A autarca afirmou a O MIRANTE que não perdoa a falta de consideração, respeito e carinho a quem se dedicou inteiramente ao partido durante mais de 30 anos. Contactado por O MIRANTE, o presidente da concelhia do PSD de Ourém, Luís Albuquerque, também não esconde as más relações com a presidente da assembleia municipal afirmando mesmo que a decisão de Deolinda Simões é para o PSD um “fardo” que lhe tiram de cima.