Empresa Águas do Centro acusada de fixar preço da água arbitrariamente
BE de Santarém diz que ministra Assunção Cristas é conivente
O ano passado a empresa Águas do Centro, concessionária da distribuição de água e da recolha e do tratamento de efluentes em seis concelhos do norte do distrito de Santarém (Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Tomar e Vila Nova da Barquinha) e vários concelhos limítrofes, quis aumentar as tarifas de água e tratamento de efluentes em dez por cento mas a Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, que tutela o sector, apenas autorizou um aumento de cinco por cento. Este ano a empresa voltou a propor um aumento de dez por cento e o Ministério autorizou sete por cento. Para o BE de Santarém, tanto as propostas de aumento feitas pela empresa como as decisões do Ministério são arbitrárias. “No ano passado, sem apresentar qualquer fundamentação, a Águas do Centro propôs ao governo aumentos de 10%, nas tarifas a pagar pelos municípios. Nessa altura, a ministra que tutela o sector, “apenas” autorizou aumentos de 5%. Também sem qualquer fundamentação, muito acima da inflação e em total contradição com os sucessivos cortes que o próprio governo impõe ao financiamento das autarquias. Este ano, já em Abril, a AdC, limitou-se a enviar aos municípios uma nota de débito. Só depois de instada, a AdC esclareceu que se tratava de recuperar montantes em dívida relativos a aumentos de 7% das tarifas, a partir de Janeiro. Segundo informou, havia novamente proposto ao governo 10% de aumento e, este ano, a ministra já tinha ido até 7% de aumento... Tudo sem qualquer fundamentação, fora dos prazos e das condições legais, às escondidas, numa manobra reveladora da mais profunda má-fé”, pode ler-se num comunicado daquele partido com data de 3 de Maio. O BE diz ainda recusar que os municípios aumentem os preços da água e saneamento. Desde a adesão do Município do Entroncamento à Águas do Centro, em 2006, aquele empresa já efectuou alguns investimentos no concelho. O ano passado fez obras no depósito de água da zona norte, e em Março deste ano iniciou a construção de uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais, orçada em cinco milhões e meio de euros (a ETAR municipal está praticamente inoperacional há vários anos e o município nunca teve capacidade financeira para construir uma nova).Factura da Água é a 4ª mais alta do Distrito de SantarémA 15 de Abril, o município do Entroncamento, de maioria PSD, um dos que viu a factura a pagar à Águas do Centro aumentar sete por cento, decidiu não fazer reflectir tal aumento nas facturas de água e saneamento dos seus munícipes. Apesar disso, aquele município é dos que mais cobra pelos serviços de água, saneamento e recolha de resíduos. Segundo dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), divulgados pelo jornal Público, o valor para uma família que consuma mensalmente 10 metros cúbicos de água (10 mil litros) é de 20,75 euros, ligeiramente acima da média nacional que é de 20,69 (valores de 2012).No distrito de Santarém, para além do Entroncamento, os municípios que mais cobram são o de Tomar (28,12 Euros), Ferreira do Zêzere (26,00) e Abrantes (22,69). Os que cobram menos são Golegã (10,74 Euros), Mação (13,25), Chamusca (13,73), Benavente (14,54) e Coruche (14,58).
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