O meu pai criou emprego para mim e para o meu irmão. A empresa nasceu na década de 80. Vendíamos vários produtos associados às lojas de ferragens. Com o passar do tempo especializamo-nos na venda de rodas e rodízios. Depois de terminar o 12º ano ainda estive durante um ano num curso de gestão. Não era aquilo que queria e vim trabalhar para a empresa do meu pai. Mais tarde o meu irmão juntou-se a nós. Tal como o meu pai criou condições de trabalho para nós, espero que um dia os meus filhos tenham a mesma oportunidade se o desejarem. Não é preciso dar tudo aos filhos. Tenho quatro. O mais pequeno tem 13 meses e o mais velho oito anos. Sempre disse que queria ter cinco. Não sabemos se vamos lá chegar. O que é preciso é ter amor e educá-los a viver com o que existe. É importante que eles partilhem, que tenham consciência que não se pode comprar tudo e aprendam a valorizar as coisas não materiais. Mudar da cidade para o campo não custou. Vivi na Parede, Cascais, até aos 18 anos e bastavam-me cinco minutos para chegar a centros comerciais ou ir a um café a qualquer hora. Vivo agora na aldeia da Branca, concelho de Coruche, e estou muito mais limitado mas ganhei outras vantagens. Sei que se os meus filhos estiverem em Coruche e acontecer alguma coisa, alguém tomará conta deles. Em Lisboa é cada um por si. Passei parte da minha infância e adolescência na praia. Eram outros tempos. Não existiam tantos perigos. Era bem comportado e bom aluno na escola. Ficava às vezes de castigo mais pelos conflitos com o meu irmão, próprios da idade. O descanso é muito importante. Durante a semana tento dar tudo por tudo para deixar o trabalho feito. Preservo muito o descanso e o tempo para a família. Em alturas de maior trabalho é preciso furar esta norma, mas não é a regra. Se a vida pessoal de alguém não andar bem, terá consequências na sua vida profissional. Com tantos filhos ainda pequenos, as últimas férias têm sido passadas em casa ou casa de familiares. Este ano fomos pela primeira vez a Palma de Maiorca e até correu bem. O telemóvel e a internet são duas das piores invenções. Mesmo de férias, lá tenho os emails a caírem-me no telemóvel. É absorvente, às vezes é preciso bloquear para poder desfrutar do resto. Gosto muito de ajudar em casa no que for preciso, menos passar a ferro. Adoro cozinhar, mas pratos mais virados para a cozinha tradicional. O meu desporto é brincar com os filhos. Passo a vida a levantar pesos quando os tenho pendurados. Já joguei futebol há muitos anos, mas agora a minha vida não se compadece com isso. Um dos meus passatempos é o desporto motorizado. De vez em quando junto-me a amigos para um passeio todo-o-terreno. Trabalhar com a família é difícil. Exige-se muito mais. É mais difícil chegar a consensos, é preciso lutar muito mais. Mas também tem coisas boas. Tenho uma equipa muito nova a trabalhar connosco e existe um bom ambiente e relação entre todos. Sempre gostei muito da parte comercial. De falar com as pessoas, de regatear, de negociar. No inicio reagia mais impulsivamente. Mas com o tempo e a maturidade já controlo melhor as situações. Na escola não se aprendem estas coisas, só a experiência. Procuro olhar sempre para o lado positivo da vida. Quando o meu pai faleceu, lembro-me de estar com o meu irmão a recordar muitos dos bons momentos que passamos. Tento sempre procurar o melhor de tudo mesmo nas más situações. A mentira é algo que me tira do sério. Felizmente não tenho amigos, nem inimigos que me levem a essa situação. O que mais aprecio é a amizade. Em todas as relações que tenho tento sempre ser honesto. Mas também gosto muito de brincar. Eduarda Sousa