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Ceboleiros não deixam morrer a sua feira em Rio Maior

Ceboleiros não deixam morrer a sua feira em Rio Maior

Feira Internacional da Cebola decorreu mais uma vez na cidade, com a maior parte dos vendedores a vir de Alvorninha, freguesia das Caldas da Rainha.

Diz o velhinho Borda d’Água que em Fevereiro se devem “transplantar as cebolas a colher em Maio-Junho”. Este ano as condições meteorológicas afectaram a produção da cebola que acabou por se atrasar, mas não foi isso que demoveu os ceboleiros de estarem presentes na Frimor 2013 - Feira Internacional da Cebola de Rio Maior, que decorreu de 29 de Agosto a 2 de Setembro. A tradição mantém-se mesmo que o número de ceboleiros vá diminuindo de ano para ano. Nesta edição estiveram 30 ceboleiros em Rio Maior e mais uma vez confirmou-se a tradição: a maioria chega de Alvorninha, freguesia do concelho das Caldas da Rainha. Só dois dos ceboleiros fugiram à regra.Junto à caixa registadora, O MIRANTE encontrou Florbela Janota, 38 anos, que veio da Gançaria, freguesia do concelho de Santarém. O pai reformou-se recentemente e agora é ela que dá a cara pelo negócio nas feiras. Florbela queixa-se que “este ano a cebola está caríssima, porque está atrasada, a maior parte só depois da feira é que se vai apanhar”. E as que tem são “grandes demais”, completa. Entre as que levou para a Frimor destaca-se uma réstia com oito cebolas, em que cada uma pesa cerca de 1 quilo.Veio de Arrouquelas, freguesia de Rio Maior, e é um estreante na venda de cebolas na Frimor 2013. Desempregado há dois anos, fruto de um despedimento colectivo, este produtor preferiu não divulgar o seu nome. Transmontano de gema diz que nasceu na agricultura e agora, fruto da sua situação actual, decidiu dedicar-se à agricultura biológica. Veio viver para o campo, e escolheu Arrouquelas, onde já tinha uma casa de campo, depois de alguns anos a viver em Lisboa. É na sua horta que vai produzindo cebolas, ervas aromáticas e tudo que a terra lhe dá. Cava e colhe os produtos com paixão. “Plantas e Aromáticas”, assim se chama o micro-negócio que este desempregado espera levar a bom porto para dar a volta à crise. No seu stand destacam-se as cebolas roxas. “A cebola roxa é a melhor para comer crua, tem muitos anti-oxidantes e é anti-cancerígena”, afirma. Ermelinda Carvalho, 70 anos, é de Alvorninha. Sempre se lembra de trabalhar no campo, mas agora já começa a sentir as mazelas causadas por muitos anos de labuta na terra. A ceboleira diz que a campanha deste ano “não calhou nada bem”. A chuva não ajudou em nada os produtores. “Gosto muito de arranjar as cebolas, mas este ano estão muito feias”, afirma garantindo que mesmo assim “não há cebola como a nossa”. Também de Alvorninha, o ceboleiro João Vicente, 70 anos, é o número um da Frimor 2013. Há 51 anos que não falha a feira. Para conseguir ficar no primeiro stand João Vicente teve que madrugar, pois os ceboleiros são posicionados por ordem de chegada. “Eram duas horas da manhã quando saí da cama, peguei no meu carro e esperei aqui dentro dele”, confessou a O MIRANTE. “A feira foi sempre feita com ceboleiros das Caldas da Rainha, é a tradição”, defende o ceboleiro. “Este chegou a ser um mercado com 111 ceboleiros, hoje somos 30”, lamenta. Para este ceboleiro o segredo para criar uma boa cebola é simples: “tem que ser zelada, regada e cuidada, como tudo na vida”.
Ceboleiros não deixam morrer a sua feira em Rio Maior

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