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Museu da Máquina de Escrever apresenta exemplares de todo o mundo

Museu da Máquina de Escrever apresenta exemplares de todo o mundo

Original espólio de 358 máquinas dactilográficas pode ser apreciado na Biblioteca Municipal da Golegã.

“Eu escrevi numa daquelas com fitas vermelhas”, indicava Maria São José Mendes ao presidente da Câmara da Golegã, Veiga Maltez, minutos após ter sido inaugurado o Museu Municipal da Máquina de Escrever, no piso superior da Biblioteca Municipal da Golegã, no sábado, 21 de Setembro. Natural da Azinhaga, a antiga funcionária administrativa do extinto Instituto da Família, 74 anos, refere que é do tempo em que, como ainda não havia fotocopiadoras, escrevia numa máquina de dactilografia com folhas de papel químico. “Quando nos enganávamos tínhamos que pôr uma fitinha radex e depois carregar na mesma tecla para apagar e escrever novamente nas três folhas. Fazíamos relatórios, mapas, tudo. Está a ver o que era?”, explica a O MIRANTE, enquanto observa as vitrinas repletas de máquinas de escrever. Não chegou a trabalhar com computadores mas chegou até à máquina de escrever eléctrica. “Hoje acho que talvez ainda conseguia escrever numa destas”, atestou, acrescentando que fazer este trabalho era um verdadeiro sacrifício. O Museu Municipal da Máquina reúne 358 máquinas de escrever fabricadas em todo o mundo, entre o final do século XIX e durante quase todo o século XX, até às décadas de 1960 e 1970. Tem ainda um espaço reservado para a sensação de tocar nas teclas de uma máquina de escrever. “Experimenta as teclas destas máquinas! Escrever à máquina é divertido”, convida um cartaz. Artur Azinhais contou a O MIRANTE que começou esta colecção - que alimentou durante trinta anos - quando, um dia, fez uma troca de uma peça antiga usada na indústria cinematográfica por uma máquina de escrever. “Era uma máquina muito bonita, de 1930. A partir daí continuei até chegar à maior colecção nacional”, refere. Para além de coleccionar também restaura as peças. O presidente da Câmara da Golegã, Veiga Maltez, preferiu falar enquanto responsável pelo pelouro da Cultura, referindo que “o cavalo é o ex-libris da Golegã” mas a grande referência do concelho é a agricultura e, sobretudo, “a sua identidade, a sua cultura”. O autarca revelou que este é o quinto museu a ser inaugurado, estando integrado na Rede de Museus da câmara municipal. “O espólio deste museu, doado por um chamusquense que teve a sua vida profissional em Vila Nova da Barquinha, mostra a complementaridade que existe entre nós e quem nos rodeia. A Golegã não quer ser uma cidade, quer ser uma grande vila”, sublinhou. “O Museu Municipal da Máquina de Escrever concorre para nos afirmarmos enquanto concelho. A Golegã é a Capital do Cavalo mas também gostava que fosse a Capital da Cultura”, disse antes de entregar uma medalha comemorativa à filha do coleccionador, Ana Azinhais, herdeira do espólio e que preparou a apresentação da exposição.Ainda há quem saiba escrever à máquina Foi quase no final do século XX que as máquinas de escrever foram substituídas pelo computador que, com processadores de texto, possibilitam efectuar o mesmo trabalho de modo mais eficiente e rápido. Antes da inauguração do museu encontrámos, na Feira de Velharias que estava a decorrer no exterior da biblioteca, Maria de Fátima Gonçalves, 56 anos, com raízes na Azinhaga e que hoje ainda sabe utilizar uma máquina de escrever. “Trabalhei muito com a máquina de escrever porque sou secretária numa multinacional e, quando comecei, com 21 anos, ainda não existiam computadores. Recordo as máquinas com carreto e que faziam “trrim” quando chegava ao fim e tínhamos que mudar de página”, explica a O MIRANTE. Maria de Fátima Gonçalves aprendeu estenografia em França numa escola específica. “Era um horror quando se tinham que escrever cópias, com o papel químico. Cada vez que nos enganávamos tínhamos que apagar o erro em todas as páginas com um lápis especial”, recorda. Outra fase que recorda prende-se com o surgimento da máquina eléctrica de escrever. “Tinha a particularidade de ter uma bolinha. Quando queríamos mudar de caractere tínhamos que mudar de bolinha. Só depois passamos para os computadores”, atesta. A adaptação à era digital foi feita com normalidade, sem dramas. “Temos que aceitar o progresso”, conclui.
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