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Morreu o poeta António Ramos Rosa mas a sua poesia continua viva

No seu primeiro livro publicado em Faro no ano de 1958 («O Grito Claro»; Colecção A Palavra) António Ramos Rosa (1924-2013) falava da morte mas também do seu resgate: «Em qualquer parte um homem / discretamente morre. / Ergueu uma flor. / Levantou uma cidade. / Enquanto o sol perdura / ou uma nuvem passa / surge uma nova imagem. / Em qualquer parte um homem / abre o seu punho e ri.»Não foi por acaso que há dias, numa tertúlia, o poeta Zetho Cunha Gonçalves se referiu aos prémios que António Ramos Rosa não ganhou e bastam três livros seus para os justificar: «Ciclo do cavalo» (Limiar), «O incêndio dos aspectos» (Regra do Jogo) e «Boca incompleta (Arcádia). Por mim sinto algum orgulho em ser seu leitor e também companheiro de colecção em O MIRANTE com (entre outros) João Rui de Sousa, Pedro da Silveira e José Alberto Marques. Mas também sou seu colega de catálogo no Círculo de Poesia da Moraes Editores. Adoptei como divisa na vida um verso seu (Não posso adiar o coração) e visito muita vez o «Poema dum funcionário cansado»; situação que eu vivi entre 1966 e 1996 num Banco da Rua do Ouro não muito longe dos Restauradores onde António Ramos Rosa trabalhou na UTIC, uma empresa de carroçarias com oficinas em Cabo Ruivo.Vejamos o poema: «A noite trocou-me os sonhos e as mãos / dispersou-me os amigos / tenho o coração confundido e a rua é estreita / estreita em cada passo / as casas engolem-nos / sumimo-nos / estou num quarto só num quarto só / com os sonhos trocados / com toda a vida às avessas a arder num quarto só./ Sou um funcionário apagado / um funcionário triste / a minha alma não acompanha a minha mão.» Fiquemos por aqui, a Poesia continua!José do Carmo Francisco

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