uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
"A estabilidade familiar é essencial para a estabilidade profissional"

"A estabilidade familiar é essencial para a estabilidade profissional"

Alcino Martinho, 58 anos, director-geral do CTIC, Alcanena

É director-geral do CTIC- Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, em Alcanena, há quase vinte anos. É formado em Economia e trabalhou na indústria durante vários anos. Casado e com dois filhos, considera que uma estabilidade familiar é essencial para se ter sucesso na vida profissional. Considera que a sua vida tem sido pautada por seriedade, honestidade, trabalho e empenho.

Não é muito comum um economista estar à frente de uma instituíção destas. Sou natural do concelho de Alcanena. Fiz o ensino secundário em Santarém e depois fui tirar a licenciatura em Economia no ISCTE, em Lisboa. Antes de assumir funções no CTIC, trabalhei numa empresa metalomecânica e noutra de curtumes. Foi aí que adquiri as bases da indústria que fizeram com que ficasse ligado, tecnicamente, a estas matérias. Consigo falar com os técnicos mas também com os universitários. Além de serviços de assistências a empresas, desenvolvemos projectos de investigação em Universidades em Portugal e com outros centros tecnológicos, a nível europeu. Sempre quis ter uma carrreira ligada ao mundo empresarial. A minha vida profissional começou a ganhar mais definição quando era jovem. Em criança nunca tive o desejo de ser isto ou aquilo. Sempre tive tendência para trabalhar na indústria ou no desenvolvimento empresarial. Se tivesse ido para a área de engenharia ou arquitectura não me teria dado mal mas foi nesta área que apostei e é nesta que estou por inteiro. Escolhi Economia porque, tal como a Gestão, nos anos de grande crescimento económico que se seguiram ao 25 de Abril era uma área com futuro. Todos os projectos têm uma componente económica. Quando acabei o curso, em 1978, não havia tanta oferta de licenciados como existe hoje. Comecei a trabalhar numa empresa de projectos e consultadoria em Lisboa, de infra-estruturas portuárias e com a qual já colaborava desde os tempos em que era estudante. Recordo que estive quinze dias em Hong-Kong a estudar o porto, para se aplicar a Macau. Um ano mais tarde, decidi regressar a Alcanena para trabalhar e daqui nunca mais saí, excepto em trabalho. Um centro tecnológico deve ser gerido como uma empresa. Estou ligado ao CTIC, fundado em 1994, desde a primeira hora. Trabalhei dez anos na Olimar, uma empresa de metalomecânica em Alcanena. Depois aceitei o desafio de ir para uma empresa de curtumes onde estive mais cinco anos. Quando se lançou o Centro Tecnológico era preciso alguém para liderar o projecto. Lançaram-me o desafio e aceitei. Damos apoio à indústria de curtumes em várias vertentes. Temos alargado o nosso leque de competências e actuamos horizontalmente no mercado, por exemplo, nas áreas do ambiente, segurança alimentar e certificação de empresas. Temos um orçamento anual de um milhão e meio em serviços.Aprende-se a liderar com a vida. Vamo-nos moldando às pessoas e às situações. O Centro nasceu com poucas pessoas a trabalhar nele e foi crescendo até atingirmos o pico, em 2012, de 28 pessoas. Actualmente somos 27 colaboradores, a maioria dos quais quadros qualificados. Temos a trabalhar connosco cerca de vinte pessoas com formação superior. Somos a entidade que emprega mais licenciados na região. Tem que haver sempre alguém a coordenar uma equipa. Sou eu.O meu telefone, durante as férias, continua a trabalhar. Não é fácil desligar do trabalho. Tenho noites em que acordo a pensar em muitos assuntos que, durante o dia, andaram a preocupar-nos. O mercado está a ficar difícil e, por vezes, tira-nos o sono. O telemóvel está sempre ligado. Tenho uma agenda digital mas guardo na minha secretária a minha agenda velhinha em papel. Estou sempre contactável. Mesmo em lazer, estou sempre atento a novas oportunidades. O trabalho não cai do céu. As minhas funções passam muito pelo contacto com os clientes, pela procura constante de trabalho e pela procura de financiamento de projectos. O grande desafio deste tipo de entidades é garantir a sua sustentabilidade pois, ao contrário do que acontece noutros países europeus, não beneficiamos de qualquer apoio público. Tenho-me dedicado bastante. Não é fácil estar à frente de uma instituição sem estarmos dedicados a cem, ou melhor, a duzentos por cento. Vou correr todos os dias, se puder. Ajuda-me a libertar. Gosto muito de correr ao ar livre. De apanhar frio e chuva no Inverno e calor no Verão. Em casa, também pratico jardinagem e, na altura própria, faço vindima e produzo vinho. Ajudo na cozinha e, em casa, quem trata dos grelhados sou eu. Sou casado e tenho dois filhos. Prezo muito a estabilidade familiar. Considero que ela é essencial para o sucesso na vida profissional. Mas a harmonia somos nós que a criamos. Seriedade, honestidade, trabalho e empenho são os meus marcos. Não tenho uma frase que seja um lema de vida. Tento corresponder sempre àquilo que nos pedem. Preocupo-me em cumprir com os outros. Tento ser uma pessoa calma mas, por vezes, não me deixam. Tenho as minhas estações de irritação, que tento controlar. Não tenho um discurso fácil mas procuro dizer as coisas certas na altura certa. Trabalho muito mas também gosto de viver a vida. Já viajei por diversos lugares. Elsa Ribeiro Gonçalves
"A estabilidade familiar é essencial para a estabilidade profissional"

Mais Notícias

    A carregar...