Demolição pode ser o destino do “mamarracho” à entrada de Santarém
Pedido de licenciamento para mandar abaixo o esqueleto de betão armado próximo das Ómnias já deu entrada na câmara municipal. É o mais recente desenvolvimento de um processo que se arrasta há mais de duas décadas.
O gigantesco esqueleto de betão armado na encosta do Caramona, na periferia de Santarém, deve ser demolido, segundo informação do presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves. A estrutura, inicialmente projectada para hotel e que já teve diversos donos, é agora propriedade da construtora Edifer, que já entregou na autarquia o pedido de licenciamento para essa operação.A confirmar-se a intenção, chega ao fim um longo processo com mais de 20 anos ao longo do qual chegou a alvitrar-se por diversas vezes a continuação da obra sem que houvesse quaisquer desenvolvimentos até à data, para lá da colocação de umas telas em redor da estrutura que entretanto o vento esfarrapou e levou. O anterior presidente da câmara, Moita Flores, que classificou a estrutura como “monstro”, “atentado ambiental” e “vergonha da cidade”, prometeu erradicar essa mancha da paisagem mas não o conseguiu durante os sete anos em que esteve em Santarém.Agora surge mais uma luz ao fundo do túnel e, caso a demolição se concretize, parece certo que no local, próximo da Linha do Norte e do rio Tejo, não surgirão mais edificações com aquela dimensão. Os resíduos da demolição deverão ser na sua maioria encaminhados para reciclagem, nomeadamente o ferro e o betão, segundo disse fonte da autarquia.O hotel começou a ser construído em 1991 (era o socialista Ladislau Botas presidente da câmara) e ao longo dos anos já teve diversos donos, desde a empresa Ivo Hotéis à Hagen Imobiliária, passando por um banco, até chegar à Edifer.Um terreno por duas mil dormidasA autarquia tinha cedido o lote de terreno, situado próximo do que é hoje o Retail Park da cidade, à empresa Ivo Hotéis no início da década de 90 a troco de duas mil dormidas e tinha feito constar uma cláusula de reversão do terreno para a sua posse caso o hotel não fosse construído ou a autarquia não beneficiasse das dormidas. Como as obras estavam paradas há muito tempo, a autarquia chegou a avançar em 2001 com um processo em tribunal, a pedir a reversão da posse do espaço, que não chegou a ser decidido. Entretanto a Hagen Imobiliária comprou em 2007 o esqueleto do hotel à Ivo Hotéis. Nessa escritura, vista como uma solução rápida para um problema antigo, a Câmara de Santarém abdicou da reversão do terreno na encosta do Caramona, recebendo em troca 900 mil euros da Ivo Hotéis, que ficou assim livre de ónus para poder transaccionar o imóvel. A escritura de transacção do hotel para a Hagen estabelecia um prazo de 60 dias para apresentação do projecto de construção, a contar desde 28 de Setembro de 2007, e um prazo de dois anos para a construção após a emissão da licença. Só que novamente nada aconteceu de relevante e a estrutura voltou a mudar de dono mais duas vezes até se chegar agora à solução que passa pela demolição.
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