Casamentos de outros tempos recordados no Granho
Rancho folclórico da localidade celebrou 51 anos com a recriação de um casamento à moda antiga.
Comemorar o aniversário de uma colectividade com um casamento, mesmo que a fingir, foi a forma original encontrada pelo Rancho Folclórico do Granho, no concelho de Salvaterra de Magos, para festejar 51 anos de vida. No dia 19 de Outubro, por volta das 18h30, os noivos, supostamente vindos de Muge já casados, passaram pelo arco em frente ao pavilhão da comissão de festas do Granho, onde foram felicitados com amêndoas e por muitos “vivam os noivos”. O arco, ornamentado com flores e ramagem de árvores, era habitualmente colocado no local onde se realizava a boda e a sua transposição pelos noivos era uma espécie de tiro de partida para a festa.Segundo Rosa Gomes, a apresentadora da recriação e uma das cantoras do Rancho do Granho, quando as amêndoas eram poucas dizia-se “que havia casamento chocho”. No dia da boda, as mulheres já casadas ficavam quase sempre a fazer os petiscos e poucos eram os que acompanhavam os noivos à igreja em Muge, à excepção dos padrinhos que iam com os noivos de carroça. Na ementa da boda normalmente constava sopa do cozido e carneiro ou cabra guisados com batatas. O jantar era proporcionado pelos familiares, “em que cada um dava aquilo que podia” entre galinhas e outra criação, conta-nos o senhor António Oliveira de 62 anos, natural do Granho. Os preparativos do casamento começavam muito antes e na semana que antecedia o casamento matavam-se os carneiros e as galinhas. Nos dias antecedentes, as raparigas solteiras andavam com um avental branco a distribuir arroz doce pelas pessoas da terra. A intenção era anunciar à comunidade que ia haver um casamento e ao mesmo tempo angariar alguns fundos para ajudar às despesas. “Elas levavam um prato de arroz doce e as pessoas davam 5 escudos, 10 escudos, cada um consoante a sua possibilidade”, recorda António Oliveira. Lua de mel era uma miragemLua de mel era coisa que não havia por aquelas bandas. Os noivos casavam e no dia seguinte iam trabalhar. “Antes de terem casado já tinham preparado um galinheiro, um curral, para criar animais para tentarem começar a angariar o sustento da família. Hoje já ninguém se preocupa com isso, mas antigamente era uma grande preocupação”, conta António a O MIRANTE.As prendas de casamento eram dadas consoante as possibilidades de cada um. Já nessa altura se dava dinheiro, mas de uma forma muito recatada. Chamava-se o noivo à parte e sem que os outros convidados se apercebessem entregava-se o donativo. Bailarico era coisa que não faltava, com músicas como o bailarico velho, a valsa da bicharada ou o vira dos campeões.No final da recriação e actuação do Rancho do Granho, Rosa Gomes chamou ao palco a representante da Federação Portuguesa de Folclore, Rita Pote, e também o representante da União de Freguesias de Granho e Glória do Ribatejo, os representantes dos ranchos de Salvaterra de Magos, de Marinhais e da Glória e o novo presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, que cumprimentou a população felicitando o rancho pelo seu aniversario e manifestando a sua alegria em ver gente nova nesta organização.Todas as pessoas chamadas a palco receberam, pela mão dos “noivos”, um ramo de flores. “Hoje em dia não há possibilidade de dar grandes lembranças como houve há uns anos atrás”, afirmou Rosa Gomes no final da sua apresentação.
Mais Notícias
A carregar...