
Pedro Basílio perdeu uma perna mas não perdeu a vontade de praticar desporto
O triatleta de Abrantes é um dos 30 primeiros do ranking mundial e quer ir aos Jogos Olímpicos mas não tem apoios
Pedro Basílio, 43 anos, é do Maxial, concelho de Abrantes, e atleta federado de triatlo. Sempre gostou de desporto e nem quando perdeu uma perna num acidente rodoviário desistiu de ser triatleta. Pelo contrário. Foi com o acidente que, aos 26 anos, lhe ceifou um dos membros inferiores que Pedro Basílio se abraçou com unhas e dentes ao seu passado desportivo para recuperar, física e psicologicamente. “Comecei a fazer natação, que era o que eu podia fazer sem a perna”, recorda a O MIRANTE.Pedro Basílio conseguiu arranjar uma prótese para andar e “mais tarde comecei a habituar-me a correr com ela até ter conseguido arranjar uma prótese para corrida”, refere Pedro Basílio. Foram precisos dois anos para se adaptar à prótese de corrida que encomendou no seguimento de contactos que estabeleceu com outros atletas amputados do Brasil e Estados Unidos da América. Relembra que quando recebeu a sua prótese de corrida teve alguma dificuldade em adaptar-se. “O ortoprotésico dizia-me que eu não tinha potencial e eu não acreditava nisso porque o problema era a prótese que me fazia feridas”, recorda.Através da fábrica dos componentes da prótese, Pedro Basílio teve conhecimento de um ortoprotésico francês que veio ter com ele ao Estádio Universitário, onde na altura treinava. “Afinou-me a prótese, fez as adaptações necessárias e em 4 horas pôs-me a correr, coisa que não consegui fazer em dois anos”, recorda.Depois de começar a correr surgiu então o desafio do triatlo. Já lá vão mais de 12 anos. “Experimentei fazer triatlo, gostei e fiquei”, afirma Pedro Basílio que é o único triatleta federado a praticar a modalidade em Portugal com recurso a próteses.No total, Pedro Basílio tem cinco próteses: a de corrida, que custou cerca de 6 mil euros, outra de ciclismo, uma para a natação, outra para o dia-a-dia e uma outra para andar em casa. “Quando vou para uma prova, levo quatro próteses e tem tudo de ser bem gerido porque senão pode por em causa a prestação na prova”, refere.Tem um objectivo: ir ao Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, mas, para isso, precisa de apoios. “Para quem quer ir aos Jogos tenho de ter uma rotina diária de treino e, neste momento, o que me falta é um patrocinador que me permita treinar e participar nas provas internacionais”, refere Pedro Basílio.Na época passada o triatleta começou em 2º do ranking mundial “mas acabei a época em 12º porque só participei na final do Campeonato da Europa e na final do Campeonato do Mundo”. Faltaram-lhe apoios e não conseguiu participar nas provas internacionais para pontuar. No entanto, está entre os 30 primeiros do ranking mundial.Todos os dias, treina uma média de seis horas, repartidas entre natação, corrida e bicicleta. Está em Lisboa, onde treina e onde é responsável pela Escola de Triatlo do Olivais e Moscavide. Pedro Basílio é um educador, desde os seus 18 anos está ligado à formação desportiva das camadas mais jovens. Actualmente, trabalha com crianças entre os 6 e 16 anos onde lhes tenta transmitir o espírito competitivo do triatlo. Em Abrantes apadrinhou a recém-criada Escola de Triatlo.Para este ano o objectivo deste atleta passa por participar em 8 provas internacionais, entre elas o Campeonato do Mundo de Duatlo que se realiza a 30 de Maio, onde Pedro Basílio quer disputar o título de campeão. “Não sei se irei conseguir, mas quero participar nesta prova. Há dois anos, nesta competição, fiz a melhor corrida mas tive uma avaria na bicicleta e fiquei em 4º lugar”.E entretanto vai continuando a lutar para arranjar apoios financeiros que lhe permitam continuar a treinar, participar em provas internacionais e estar nos Jogos Paralímpicos de 2016.Nos dias 10 e 11 de Maio, em Abrantes, com o apoio da autarquia local, realizar-se-á o Pedro Basílio Challenge, uma prova de dois dias que inclui natação na Barragem de Castelo do Bode, corrida e BTT e que tem como objectivo angariar verbas para que este atleta possa desenvolver a sua paixão e continuar a competir.

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