Como Aníbal Farinha se fez homem na loja dos rapazes
Tal como o Aníbal da Chamusca, a quem saúdo, também eu vim de Camacupa, embora sendo natural de Nova Sintra. Pertencemos a um grupo de pessoas a quem chamaram “retornados”. Atravessei um período de sofrimento por não estar habituado a trabalhar no campo, com frio ou calor intenso. Ceifadas que estavam as nossas vidas havia que abraçar este país que nos acolheu. Constitui família, entrei para o Exército onde militei durante 26 anos. 32 anos depois tive a sorte de voltar às minhas origens para rever os lugares onde fui feliz. Foi uma dor imensa e lágrimas sem fim quando deparei com tudo semidestruído e sem a presença de algum conhecido com a excepção de alguma família que tinha no Lobito. Foram eles que me levaram ao Bié. Regressei a Portugal e em Elvas permaneço com a minha esposa, filhas e agora netos. Seria um história muito longa para contar. Sobrevivi como os outros tendo como pensamento constante a saudade de uma juventude ceifada pela raiz e dividida pelos quatro cantos do mundo. Hoje, na maior parte dos casos, volvidos que estão 40 anos, não nos conhecemos. Mantemos um encontro anual dos Catabolenses e outro dos Camacupenses em Aveiras de Cima, para comungar um sentimento comum: matar as saudades e abraçar os amigos de então.Helder Eduardo Brito Sabino (kayno)Nova Sintra/Camacupa/Elvas
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