“As empresas são como seres vivos. Se não evoluírem, morrem”
Elisabete Marques, 42 anos, gerente do Colégio dos Morgadinhos, Póvoa de Santa Iria
Os pais hoje em dia não conseguem acompanhar os filhos nos estudos. Sobretudo pela constante alteração dos programas lectivos. É também um sinal dos tempos. No Colégio dos Morgadinhos oferecemos a possibilidade das crianças serem acompanhadas por professores das diferentes áreas, que sabem o que estão a fazer. No tempo da “velha senhora” todos aprendiam pela mesma bitola, fossem esquerdinos ou disléxicos. Hoje em dia não pode ser assim. Somos todos diferentes, o ensino tem de se adequar a cada um de nós. Tem de haver métodos que se adeqúem a cada caso. Na escola pública os meios e as equipas estão lá, mas não funcionam. A maioria dos que criticam o ensino privado não o conhecem. No ensino privado somos mais rigorosos. Estamos sujeitos a inspecções regulares e tudo tem de estar em ordem. Somos mais fiscalizados do que as escolas públicas. Não me queixo disso, até acho salutar. Mas deveria ser igual para todos. As crianças estão acima de tudo e tudo tem de ser feito em função delas. É óbvio que enquanto empresa precisamos de retirar algum lucro da nossa actividade mas não o fazemos prejudicando as condições de topo que eles precisam para aprenderem. As crianças são inteligentes mas muitos adultos não se esforçam por ir ao seu encontro. O Colégio dos Morgadinhos abriu na Póvoa de Santa Iria porque fazia falta. Havia pais que tinham as crianças em creches com boas condições e gostavam que elas tivessem as mesmas condições no primeiro ciclo. Em Setembro do ano passado fui desafiada para este projecto e assumi a gerência em Dezembro. Além do primeiro ciclo temos actividades extracurriculares e algumas actividades que não são obrigatórias, como o judo, música, espanhol ou dança. Temos também explicações e centros de estudo que vão até ao 12º ano. O nosso objectivo é ter uma oferta diferente dos outros colégios. As coisas têm de ser geridas com mão de ferro. Não pode haver esbanjamento. Aqui não há telemóveis distribuídos à gerência. Não há carros da gerência pagos pelo colégio. Cada um utiliza o seu próprio computador. É controlo de custos. Falo com todos os funcionários do colégio. Mas somos solidários e humanos, acima de tudo. Na sociedade em geral faltam esses valores. Os problemas dos funcionários são os meus problemas, se eles não estiverem bem não produzem bem. Ter um filho é arranjar uma ocupação para a vida. Mesmo em adultos os pais não deixam de se preocupar com os filhos. Infelizmente alguns pais hoje em dia esquecem-se dessa parte. Acham que é só ter as crianças. É tudo muito engraçado quando são pequenas mas crescem e ficam em segundo plano. Não pode ser assim. É preciso um cuidado grande. Temos de os educar senão os miúdos crescem num mundo selvagem. É mais complicado educar agora do que há 40 anos. As solicitações do mundo são muito maiores do que antigamente.Não faço planos para a vida, o único que fiz foi querer ser advogada. Nunca pensei gerir um colégio. Mas quando chego a um sítio é para trabalhar e hoje em dia apaixonei-me por isto. Sinto-me muito bem a gerir. Quem se pode sentir desconfortável é quem possa vir a trabalhar comigo, porque imponho as regras e as regras têm de ser cumpridas. Fazer crescer esta casa é o maior desafio. Tenho muitos projectos na cabeça, que passam pelos centros de estudos, abrangência ao segundo ciclo ou até mesmo a valência de creche.Temos de estar sempre abertos a modificações para podermos melhorar. Não dá para abrir uma empresa e ficar parado. Um empresário hoje em dia tem de trabalhar todos os dias na busca de novas vertentes, a empresa tem de ter uma dinâmica muito grande senão morre. Se não dinamizarmos as nossas empresas elas morrem. Não vale a pena fazer investimentos para depois cruzar os braços. Se o empresário pensa que passados 4 ou 5 anos pode viver dos rendimentos então o melhor é vender a empresa enquanto ela está bem, sempre ganha algum dinheiro e dá oportunidade a outra pessoa de continuar o projecto.Nasci na Maternidade Alfredo da Costa. Vivo em Camarate mas os meus pais são da zona Oeste, de uma terra chamada A-dos-Francos, entre as Caldas da Rainha e Rio Maior. Fui criada aí. Fui para Lisboa e ingressei em colégios da capital. Fiz todo o meu percurso académico a viver em Lisboa. Quis ser advogada porque achava essa profissão interessante. Fascinava-me, juntamente com a profissão de cirurgião. Ambas mexem bastante com a vida das pessoas. Acabei por ir para advocacia. Com grande pena minha hoje em dia os advogados são muito mal tratados pelo sistema. Os processos ficam pendentes nos tribunais durante anos e nós é que damos a cara perante o cliente e muitas vezes o cliente não percebe porque motivo as coisas não se resolvem.Filipe Matias
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