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Admiração pelos animais levou-a a ser veterinária

Gabriela Matos abriu a clínica Vetcor há 20 anos e também trata animais de produção

Há duas décadas descobriu Coruche, para onde foi estagiar, e ali ficou a residir até hoje. A médica lamenta que o número de animais abandonados continue a aumentar e acredita que muitos desses casos se devem à grave crise económica.

Gabriela Matos nasceu em Palmela (distrito de Setúbal) há 46 anos e vive em Coruche há duas décadas. Foi para a vila ribatejana estagiar e nunca mais de lá saiu. “Costumo dizer que bebi a água do rio Sorraia e nunca mais quis outra coisa. Deve ser milagrosa”, afirma bem-disposta. Licenciou-se em Medicina Veterinária, mas escolheu o curso um pouco por acaso. Na altura da candidatura universitária, além da nota de ingresso tinha também uma “natural admiração” pelos animais.Já em criança gostava de andar junto dos animais ou ficar, simplesmente, a observá-los. Um dia viu uma gata numa clareira e com a máquina fotográfica dos pais - naquela altura ainda era de rolo, que depois tinha que ser revelado no fotógrafo - pôs-se a fotografar o animal. “Levei um ralhete enorme porque estava a gastar o rolo da máquina mas adorava contemplar a tranquilidade que os animais transmitiam e queria captá-la em imagem”, recorda.Gabriela Matos acredita que saber aproveitar as oportunidades poderá ser mais vantajoso do que planificar uma vez que as conjunturas sociais, económicas e culturais em constante mudança “obrigam a uma certa versatilidade nas estratégias de vida”. Por isso nunca fez muitos planos na sua vida. Tudo foi acontecendo naturalmente. Abriu a clínica veterinária Vetcor, em Coruche, há 20 anos. Começou em sociedade com um colega mas actualmente gere a clínica sozinha. Trabalham consigo três veterinárias e uma auxiliar.A Vetcor está aberta seis dias por semana e ao domingo ainda abre para serviço de ambulatório e urgências. Dispõe de toda uma panóplia de equipamento que permite uma aproximação diagnóstica fiável da patologia do animal, desde a radiografia digital até à endoscopia. A clínica disponibiliza consultas a nível geral nas diversas áreas. É possível marcar também uma tosquia ou um banho para o animal. Face à actual crise económica cada vez mais os proprietários solicitam facilidades de pagamento, facto que têm em consideração. Gabriela Matos sabe que um dia nunca é igual e que existem directrizes na clínica que podem mudar consoante as situações que surjam. A veterinária também trata de animais de produção sempre que os clientes pedem a sua presença. Os principais pacientes continuam a ser os cães, embora nos últimos anos os gatos tenham vindo a valorizar-se como animais de estimação. Na clínica aparecem todo o tipo de problemas.A médica lamenta que o número de animais abandonados continue a aumentar. Gabriela Matos acredita que muitos desses abandonos se devem à grave crise económica que o país está a atravessar mas, diz, as mentalidades também em muito contribuem para o problema. “As pessoas adquirem animais e esquecem-se que eles vão dar trabalho e despesa. Não podem ter animais só porque são giros. Depois fartam-se deles e já não os querem. É necessário ponderar muito bem antes de levar um animal para casa. Seja ele qual for”, alerta a médica.A veterinária explica que actualmente existem muitas associações onde se pode deixar os animais quando os donos já não os querem, ao invés de os abandonarem no meio da estrada. “Os donos têm vergonha de entregar os animais nas associações porque acham que vão ser condenados pela atitude. Não é isso que acontece. É preferível deixá-los nas associações”, sublinha. Gabriela Matos explica que é fácil criar laços de amizade com os seus ‘pacientes’, sobretudo quando têm necessidade de ficar internados na clínica. A total dedicação à profissão, com muito sacrifício em detrimento da parte pessoal, parece ser o segredo do sucesso do seu trabalho.

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