Campo
A debandada do campo para a cidade é uma realidade. Parece que 80% dos europeus vivem em cidades e que 40 milhões de chineses por ano deixam os campos e rumam às cidades à procura de melhor vida.Também nesta realidade as nossas terras são diferentes, na maioria o campo e a cidade, vilas e aldeias, confundem-se. Somos ainda um país de hábitos de vida marcadamente rurais com tudo o que de bom o campo tem. Além disto, muitas terras têm magníficos parques urbanos a convidar à memória do campo. Que o digam as terras ribeirinhas do Tejo e outros rios. Os parques urbanos são destacados elementos de sustentabilidade no espaço urbano. A essência desta afirmação reside na utilização ambiental, social e economicamente inteligente que é dada ao que de melhor a natureza proporciona e que permite, em termos práticos, uma valorização significativa dos recursos naturais e uma redução substancial dos custos de intervenção e de manutenção.Todavia, os parques urbanos são muito mais que “só” isto. Por um lado melhoram a saúde das pessoas (purificação do ar, atividade desportiva e lazer), ajudam a combater as alterações climáticas e constituem um refúgio para a biodiversidade. Os parques constituem também um atrativo económico e turístico e consciencializam os cidadãos para os valores da natureza. Combatem a poluição sonora, favorecem a interação social e aumentam o sentimento de segurança.Este último aspeto é da maior relevância. Na realidade, o meio urbano afasta as pessoas, isola-as. Os parques urbanos contrariam esta tendência, nem que seja a passear o cão.No que respeita ao atual e importante tema das alterações climáticas, sabemos que estas têm impactos na vegetação que se podem manifestar à escala da espécie ou da comunidade, e que advêm, sumariamente, de modificações nos habitats. Mas esta é uma relação bidirecional. A vegetação também pode influenciar o panorama microclimático, sobretudo no espaço urbano, onde a presença de amplas áreas verdes acarreta importantes benefícios climáticos e hidrológicos. Em termos climáticos há a destacar o seu papel na redução do efeito térmico e, consequentemente, na redução dos efeitos do calor sobre a saúde, no aumento do conforto estival e na redução do consumo de energia utilizado para o arrefecimento. Já em termos hidrológicos, há a referir o seu papel no aumento da intercepção e da infiltração das águas pluviais, com vantagens para a recarga de aquíferos e para a redução do escoamento superficial, dos quais resulta a redução de cheias e inundações urbanas. Carlos A. Cupetocupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora
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