Fracassado Centro Outdoor da Carregueira continua a dar despesas à Câmara da Chamusca
Edifício inacabado há mais de dez anos é o símbolo de um projecto ambicioso da Sociedade Parque Almourol que ficou pelo caminho e que ainda continua a representar custos para o município.
Quem passa pela freguesia da Carregueira (Chamusca), na estrada que liga a aldeia ao Eco Parque do Relvão, apercebe-se a dada altura de um grande edifício semi-construído (ainda em tijolo) junto à estrada. Há anos que a construção está parada e nota-se até uma grande degradação do espaço. Era ali que estava previsto nascer, inicialmente, o maior centro de formação outdoor do país e, mais tarde, um centro de competências e certificação para a indústria de resíduos.Nada disso aconteceu e passada mais de uma dezena de anos aquelas instalações continuam a gerar despesas de centenas de milhares de euros para a Câmara da Chamusca. O projecto era promovido pela Sociedade Parque Almourol, que tem como associados as câmaras da Chamusca, Constância e Vila Nova da Barquinha, a Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém e algumas empresas particulares que se propunham gerir alguns espaços ligados ao turismo e lazer nos três concelhos. Os projectos para aquelas instalações inacabadas nunca avançaram e a Câmara da Chamusca “ficou com o menino nas mãos” e, já em Outubro de 2012, assumiu a devolução de 195 mil euros de fundos comunitários que se destinavam a financiar as obras. Nessa altura já os eleitos do PSD na assembleia municipal contestavam que fosse só o município da Chamusca a arcar com aquelas despesas, pois o projecto era de uma empresa com mais associados, e alertavam para outras despesas que aí vinham.Na sessão da Assembleia Municipal da Chamusca realizada a 28 de Fevereiro, no Arripiado, quando se discutia uma alteração aos estatutos da Sociedade Parque Almourol, o assunto voltou à discussão. Fernando Garrido, da coligação PSD/CDS, perguntou ao presidente da câmara “quanto é que a população do concelho da Chamusca vai ainda ter que pagar por um espaço que já não vai servir para nada”?A resposta do presidente da câmara, Paulo Queimado (PS), não foi muito clara, mas foi dura para os anteriores executivos e Sociedade Parque Almourol. “Não sabemos ainda quantos milhares irá custar, mas de certeza que serão algumas centenas de milhar de euros”, desabafou. E acrescentou: “É mais uma herança pesada que temos para resolver. Neste momento já não tenho dúvidas de que houve muita gente enganada. E muita gente, na sua maioria de índole particular, que se abotoou com verbas elevadas. Estamos a tratar do assunto com muita gente, mas encontramos dificuldades em todas as fases”,Segundo Paulo Queimado, até o local onde foi iniciada a construção “é terreno particular”, acrescentando que quer esclarecer tudo bem esclarecido quer com a empresa que fez a construção, a Construtora do Lena, quer com o que ainda resta da Sociedade Parque Almourol.“Estão constantemente a chegar segundas e terceiras vias de facturas de que ninguém sabe dos originais. A Construtora do Lena reclama o pagamento de mais de 450 mil euros de pagamento de obras feitas naquele espaço. Queremos esclarecer tudo. Como é que num dia foram colocados equipamentos nas instalações e no outro dia foram retirados. Queremos saber para onde foram e quem os levou”, disse Paulo Queimado, visivelmente aborrecido e sem ter ainda uma noção do que vai acontecer no futuro. O presidente da assembleia, Francisco Velez, acabou por intervir para cortar a discussão, dizendo que se estava a sair do ponto da ordem de trabalhos, que apontava apenas para a discussão e aprovação de uma revisão e alteração dos estatutos da Sociedade Parque Almourol, que tinha apenas a ver com a mudança de morada. O presidente da câmara prometeu que quando tivesse mais esclarecimentos os daria à assembleia e os eleitos aceitaram a ideia.
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