“Acredito que o dia de amanhã é sempre melhor que o de hoje”
Teresa Pinto Correia, médica com especialidade em ginecologia-obstetrícia, Santarém
Licenciada em Medicina, com especialidade em Ginecologia-Obstetrícia e há mais de três décadas no exercício da profissão, Teresa Pinto Correia, nasceu em Lisboa, mas viveu em Torres Vedras os primeiros anos da sua infância. Foi entre Portugal e Angola que fez os seus estudos. Actualmente continua a encarar a profissão como um desafio. Casada com o Otorrinolaringologista António Júlio Pinto Correia, com duas filhas e já avó, considera-se uma pessoa feliz. Optimista por natureza, gosta de fazer clínica, conversar e vigiar a saúde das pacientes, muitas das quais acompanha há anos.
Casei em 1976, tenho duas filhas e já sou avó. Escolhemos Santarém para viver, uma cidade que só conhecíamos de passagem. Actualmente vivemos na Moçarria. Em Janeiro de 1977 tanto eu como o meu marido começamos a trabalhar no Hospital de Santarém. O hospital tinha um grupo muito coeso e em Maio organizamos sempre um almoço dos policlínicos para recordar esses tempos. A minha viagem de sonho é à Polinésia. A partir dos 34 anos comecei a viajar mais como turista. Para além das viagens os meus escapes são a leitura e também gosto muito de cinema. Sou preguiçosa para fazer exercício físico, apesar de ter alguns aparelhos de ginástica em casa. Gosto de cozinhar, mas não o faço com frequência. Quando tenho tempo gosto de inventar e fazer pratos criativos. Considero que o verdadeiro festival de gastronomia é em Santarém. Sou uma pessoa muito optimista. Acredito sempre que o dia de amanhã é melhor que o de hoje. Quando se fecha uma porta abre-se outra logo a seguir, este é o meu lema. Até agora tenho sido feliz, tenho uma família maravilhosa e espero continuar a ter saúde, genica e continuar a dar tudo o que posso na minha profissão.Não faço ideia de quantos partos fiz até hoje. O primeiro foi em Cabinda e ainda não estava na especialidade. Gosto sempre de fazer um parto porque é pôr uma vida nova cá fora. Para mim é uma felicidade quando vejo o bebé cá fora e a mãe e o pai a abraçarem-no. A profissão continua a ser um desafio e há 34 anos que tenho a possibilidade de fazer partos. Sou muito ginecologista. Gosto muito de ginecologia, gosto muito de vigiar a mulher até aos 80 e tal anos. Tenho pacientes jovens às quais fui eu que fiz o parto. Gosto muito de conversar e gosto muito de fazer clínica, de operar quando tenho que operar, de fazer partos e de seguir as minhas mulheres.Quando era criança era muito maria-rapaz. Nasci na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, mas fui criada em Torres Vedras. Até ao quinto ano do liceu não tinha definido que profissão queria ter. Era boa aluna mas só estudava nas vésperas. No quarto ano do liceu fui para Luanda com os meus pais, mas como o meu pai era bancário teve que ir para Cabinda e acabei por ficar num colégio em regime de internato. No sexto e sétimo anos voltei a Torres Vedras, altura em que defini que queria ir para Medicina. Em 1969 ainda pensei em seguir gestão de empresas por influência de um amigo mais velho. Não gostava de Matemática mas acabei o exame com 17 valores. Em criança adorava ir brincar para a rua. Quando vinha da escola ia para a rua brincar com fisgas e andar de bicicleta. Gostava de ir para o meu vulcão privativo, perto de Runa, que tinha uma cratera onde me escondia. Tive uma infância feliz.Conheci o meu marido em Luanda e começamos a namorar no primeiro ano de Medicina. Em 1970 entrei na Faculdade de Medicina de Lisboa, mas acabei por ir estudar Medicina para Luanda. Em 1973 os meus pais voltaram para Luanda e ainda ficamos lá até 1975, altura em que já estava no quinto ano da faculdade. A guerra tornou impossível terminar o curso em Luanda e finalizei-o em 1976 já na Faculdade de Medicina de Lisboa.Gostava de voltar a Luanda. Faz uma certa nostalgia o espaço, característico de África, o olhar e não ter limite, o pôr-do-sol, não propriamente o frenesim da cidade de Luanda, mas gostava de ir a Angola novamente e usufruir daquela paisagem.Foi na Maternidade de Luanda que tive o primeiro contacto com a especialidade de obstetrícia e ginecologia. Quando aprendi a observar as primeiras grávidas concluí que gostava muito da especialidade e que era o que queria para o meu futuro profissional. A partir daí aliou-se a ginecologia e comecei também a pensar na saúde da mulher, não só da grávida, mas desde a adolescência até à idade pós-menopausa. A minha carreira médica foi muito linear. Em 1991 abriu concurso e fiquei assistente do quadro hospitalar. Em 1994 fui assistente graduada em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santarém e em 1999 fui chefe de serviço. De 2003 a 2010 fui directora do serviço e ultimamente directora de departamento da Saúde da Mulher e da Criança do Hospital de Santarém, até há cerca de dois anos, altura em que saí por opção com reforma antecipada. Hoje em dia tenho mais tempo livre. Presentemente trabalho na CUF de Torres Vedras, na CUF Descobertas, no Hospital Privado em Santarém, tenho o meu consultório em Santarém e ainda dou apoio na Clinicalm, em Almeirim, que é da minha filha.Andreia Montez
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