Um helicóptero não tripulado com controlo remoto (drone) levanta voo com uma rota pré-definida com a missão de fotografar um terreno agrícola de João Coimbra, que se dedica à produção do milho. A missão do aparelho, neste caso, é dar informações ao agricultor para melhorar as condições de drenagem do terreno. Mas também pode ser usado, por exemplo, para detectar erros de fertilização ou zonas onde possam existir doenças na cultura. Esta é uma das mais recentes inovações na agricultura ribatejana que está a tornar-se cada vez mais tecnológica. Nas áreas da Agrotejo e Agromais já são usadas sondas para monitorizar a água nos solos e painéis solares para produção de electricidade. “O que se pretende é fazer o levantamento topográfico do terreno de uma só vez, em vez de ser feito manualmente, poupando-se assim muitos dias de trabalho de um topógrafo”, explica o agricultor João Coimbra, um entusiasta das novas tecnologias aplicadas à agricultura que divulga num blogue da sua autoria. O investimento numa cultura, como é neste caso o milho, para ser feito correctamente “tem de se fazer um levantamento topográfico e esta tecnologia ajuda-nos em termos de rapidez”, explica. Com a informação fornecida é possível colocar drenos e delinear um sistema de rega mais eficiente. A chamada batata electrónica é uma das inovações que tem sido usada já há uns anos pelos agricultores associados da Agrotejo e que escoam os seus produtos através do entreposto comercial Agromais. É uma tecnologia importada dos Estados Unidos da América e que visa monitorizar o caminho das batatas durante as colheitas para prevenir os choques que estas têm e melhorar a qualidade. As manchas escuras nas batatas fritas devem-se às pancadas que estas sofrem nas colheitas mecânicas. Este sistema consiste numa bola com chips que é colocada na terra e que faz o caminho da batata através da máquina de colheita até ao reboque de transporte. A informação recolhida pela bola é descarregada para um sistema informático que dá a informação das pancadas a que esta é sujeita e assim adaptar a velocidade do tapete da máquina, por exemplo. Esta tecnologia é usada também na cultura da cebola. O director geral da Agromais explica que “quanto mais qualidade tiver o produto, com menos dados, mais bonificado é em termos de preço a pagar ao agricultor pela indústria”. Muito importantes para a eficiência das produções e diminuição dos custos têm sido as sondas que medem a humidade do solo. Mais uma das tecnologias de que os agricultores da Agromais têm sido pioneiros. A Agrotejo e a Agromais assumem o investimento na aquisição dos equipamentos e os agricultores alugam-nos. Todos os anos aparecem mais agricultores a solicitarem estes aparelhos. Começou-se com 40 sondas e neste momento já estão a ser usadas mais de 130. O sistema emite relatórios com o histórico das regas e fornece dados para aplicar as melhores práticas consoante o desenvolvimento da cultura e as condições meteorológicas. Este sistema tem benefícios ambientais, já que se poupam os recursos hídricos utilizando-se apenas a água necessária para as regas. Quem passa nos campos da Golegã e da Chamusca já deve ter reparado na quantidade cada vez maior de painéis de energia solar nos campos agrícolas. O engenheiro e vice-presidente da Agrotejo, Mário Antunes, refere que este recurso tem tido um grande acréscimo nos últimos tempos. O investimento compensa com a redução dos custos de energia. A par disso é possível fazerem-se auditorias energéticas ao sistema de rega adaptando a potência eléctrica às necessidades dos equipamentos. Informática alivia carga burocrática aos agricultoresAs organizações de agricultura do norte do Vale do Tejo - a Agrotejo onde estão associados os agricultores, a Agromais que comercializa as produções e a Agromais Plus que fornece os factores de produção (adubos etc.) - têm desenvolvido cadernos de campo para que os agricultores percam menos tempo com burocracias. A informação é recolhida pelas três organizações e disponibilizada num portal online ao qual o agricultor acede com uma senha e fica a saber o que adquiriu, os custos, o que entregou para venda, entre outros dados. Este sistema informático permite também compilar os dados para os contabilistas e programar as encomendas, por exemplo de sementes que são preparadas previamente e disponibilizadas no momento em que o agricultor precisa. Milho português para pipocasUma dezena de produtores que fazem parte da Agromais estão a produzir pela primeira vez em Portugal milho para pipocas para as salas de cinema da Lusomundo. Até agora o milho era importado, mas na zona da Golegã começaram a ser feitos ensaios com variedades em 2012. Em 2013 começaram a ser produzidas as primeiras quantidades e neste momento já se está a produzir milho para pipocas em velocidade de cruzeiro. Este projecto está a ser acompanhado também de um projecto de remodelação das instalações de secagem e armazenagem de milho da Agromais em Riachos (Torres Novas) e Chamusca, de forma a aumentar a sua capacidade.Centro de inspecção de pulverizadores A partir de 2017, os pulverizadores usados na agricultura passam a ter que ser inspeccionados, a exemplo do que acontece já há muito tempo com os veículos automóveis que estão obrigados a inspecções periódicas. A Agromais candidatou-se à instalação de um cento de inspecções que vai ter a missão de calibrar os equipamentos.