Vencedor do Prémio Carlos Paredes foi a Alverca pedir para que não se esqueçam do fandango
Pedro Caldeira Cabral chegou a tocar com Carlos Paredes durante alguns anos. Prémio atribuído pela Câmara de Vila Franca de Xira bateu este ano o recorde de participações, com 38 obras a serem submetidas a candidatura.
O vencedor deste ano do Prémio Carlos Paredes, atribuído pela Câmara de Vila Franca de Xira, não se esqueceu das tradições ribatejanas e no discurso de agradecimento pediu à comunidade para que ninguém se esqueça do fandango. “Há uma forte tradição cultural e musical em Vila Franca de Xira e Alverca que sempre me marcou. Infelizmente nos últimos anos tem sido bastante esquecida e não tem aparecido tanto quanto se desejaria. Estou a falar do fandango”, notou. O músico destacou a “sofisticação e requinte” do fandango, a importância como traço identitário de Vila Franca de Xira e do Ribatejo e lembrou um tema que ele próprio compôs inspirado numa peça tradicional dessa dança musicada ribatejana. “Estava num espectáculo na Turquia quando a apresentei”, recordou. O músico destacou ainda a importância regional de Salvador Marques, “grande dinamizador da música” e detentor de um espólio que, apelou, “é urgente preservar e dar a conhecer”. Entre esse espólio está uma crónica de 1875 sobre ocarinas na região.Pedro Caldeira Cabral convenceu o júri por unanimidade com o álbum “Labirinto da Guitarra - Antologia”. No seu discurso lembrou também que o prémio tem “um sabor especial” por homenagear aquele que considerou ser “um dos maiores músicos portugueses”. A cerimónia de entrega do prémio realizou-se na tarde de segunda-feira, 15 de Dezembro, na Fundação CEBI em Alverca, onde três alunos da instituição interpretaram peças de Chopin, Hermann Necke e um tema dos Beatles. A presidente do CEBI, Ana Maria Lima, disse ser “um grande privilégio e honra” que a fundação tenha sido escolhida para ser o palco da atribuição do prémio este ano. Além do reconhecimento público o músico Pedro Caldeira Cabral recebeu também 2500 euros. Este ano o júri foi composto por José Jorge Letria (representante da câmara), Carlos Alberto Moniz (representante da Sociedade Portuguesa de Autores), Pedro Campos (compositor e músico) e Ruben de Carvalho, crítico musical. O júri justificou a escolha com a “excelência do trabalho discográfico” e a “carreira de décadas” de Pedro Caldeira Cabral, como compositor, instrumentista, investigador, intérprete e construtor de instrumentos. O vencedor do prémio tocou sete temas ao vivo na cerimónia, um deles a pedido do público, tendo começado com o popular tema de Carlos Paredes, “Fantasia verdes anos”.O galardão foi instituído pela câmara em 2003 com o objectivo de homenagear Carlos Paredes e incentivar a criação e a difusão de música de qualidade feita por portugueses. Este ano, segundo Alberto Mesquita, presidente do município, foram batidos todos os recordes, com 38 obras a apresentarem-se a concurso.No ano passado, recorde-se, o prémio distinguiu ex-aequo os álbuns “Coisas que a gente sente” de Rão Kyao e “Alma”, de Carminho. Já premiados foram os Rosa Negra, André Carvalho, Pedro Jóia, Ricardo Rocha, Mário Laginha e Carlos Barreto. O primeiro vencedor do prémio foi o já falecido pianista Bernardo Sassetti.
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