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Rio Maior já não é só a terra da moca e do leão

Rio Maior já não é só a terra da moca e do leão

João Lopes Candoso é um vereador todo o terreno com diversas áreas de actuação, entre elas a organização das Tasquinhas de Rio Maior que começam na sexta-feira, 27 de Fevereiro. Além disso, preside ainda à comissão política concelhia do PSD, partido que lidera a coligação que gere o município. Nesta entrevista destaca a captação de empresas, o turismo e o desporto como áreas fundamentais para o desenvolvimento do concelho e diz que o tempo em que a cidade era só conhecida pelo leão e pela moca já lá vai.

Rio Maior está numa zona de transição entre o Ribatejo e o Oeste. Em qual dessas regiões se revê mais? Considero-me do Ribatejo com muito orgulho. A parte sul do concelho de Rio Maior tem mais características ribatejanas, enquanto a zona norte tem características mais próximas do Oeste. Mas estamos muito bem no Ribatejo. Neste momento até integramos a Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo e as coisas estão a correr muito bem. Esta é a nossa região, aquela onde gostamos de estar.Essa localização periférica em relação ao distrito tem mais vantagens ou desvantagens? Penso que é uma vantagem. Por um lado estamos dentro da Lezíria do Tejo e, por outro lado, estamos próximos da região de Lisboa e do Oeste.Rio Maior sente-se como uma das portas de entrada no Ribatejo? Sim. Temos um conjunto de boas acessibilidades e temos um ex-libris como as salinas que é um ponto de atracção e uma âncora em termos turísticos.Como é que Rio Maior se deve vender à região e ao país? É precisamente por aí, pelo turismo? Há várias componentes a explorar, como o turismo e o desporto. Neste momento há já um turismo desportivo, ao nível dos eventos que são feitos e também de toda a procura que existe. Depois, Rio Maior tem umas salinas com características únicas e é também uma porta de entrada no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, com excelentes condições para captar turistas.Durante muitos anos Rio Maior foi conhecida sobretudo por ser a terra da moca e do leão. Eram marcas do passado. Lembro-me das reportagens na televisão sobre o leão de Rio Maior e até chegámos a ter uma mascote turística inspirada nessa situação. Penso que o leão foi uma marca importante de Rio Maior.E em relação aos acontecimentos do Verão Quente de 1975, quando a moca de Rio Maior ficou famosa. Tem memórias disso ou passou-lhe ao lado? Era um miúdo na altura mas tenho alguma ideia desse período conturbado e da importância que Rio Maior teve na história pós-25 de Abril. Como miúdo acompanhei os movimentos que se passavam em Rio Maior, embora sem compreender muito bem o que se estava a passar.A Câmara de Rio Maior está Bem entregueEnquanto dirigente do PSD de Rio Maior custou-lhe digerir a derrota da sua companheira e presidente da Câmara de Rio Maior, Isaura Morais, nas eleições para a comissão política distrital do partido? Como dirigente do PSD em Rio Maior apoiei Isaura Morais sem qualquer hesitação e gostaria que ela tivesse continuado como presidente da distrital. Teve uma vitória esmagadora em Rio Maior, o que quer dizer que é uma pessoa unânime aqui. A nível distrital as coisas são diferentes, mas neste momento tanto o PSD de Rio Maior como a própria Isaura Morais estão a trabalhar bem com a distrital do partido.O PSD distrital ficou bem entregue a Nuno Serra?Penso que o PSD está sempre bem entregue a quem ganha as eleições. E neste momento trabalhamos de alma e coração com quem ganhou.Gostava de ser presidente da Câmara de Rio Maior? Isso é uma coisa que neste momento não se põe. Estou muito bem como vereador. A Câmara de Rio Maior está muito bem entregue a Isaura Morais. E estou convencido que ela tem todas as condições para continuar num próximo mandato.E lá mais para a frente? É uma questão que de momento não coloco.“Empresários devem acreditar mais em si próprios”Rio Maior teve o primeiro parque de negócios do país. Está a ser um investimento com retorno? Rio Maior teve o primeiro parque de negócios do país e a primeira empresa gestora para fazer o licenciamento. A Depomor é uma empresa privada onde a câmara municipal tem uma participação na ordem dos 26%. O investimento está previsto ser feito em quatro fases. Está feita a primeira fase, com construção já de mais de 50% dos cerca de 17 hectares. Neste momento temos construídas três empresas, está um lote vendido para uma fábrica de rações, cuja construção deve começar este ano, e está mais um lote vendido para uma empresa da área da exportação.A conjuntura económica não tem ajudado. Estamos numa altura de crise mas, mesmo assim, no final do ano passado vendeu-se mais um lote. Penso que com a retoma da economia há condições para o parque de negócios ter sucesso. Ao todo são cerca de 60 hectares de terreno para instalação de empresas. Rio Maior tem uma excelente localização, é servida pela A15 e está perto de Lisboa.Que resultados palpáveis existem da criação do Centro de Negócios e Inovação de Rio Maior, nascido há quase dois anos? Conseguimos juntar nas instalações do pavilhão multiusos um conjunto de entidades e serviços que permitem que, passados quase dois anos e numa época de crise, seja um organismo com dinâmica, com vida. Temos lá a incubadora de empresas a trabalhar com cerca de 25 empresas, o CLDS (Contrato Local de Desenvolvimento Social) +, o Gabinete de Inserção Profissional, mais quatro salas cedidas ao Centro de Emprego para formação profissional. É um ponto de apoio aos empresários ou a quem pretenda criar o seu negócio, também graças a parcerias com algumas entidades, como a Nersant, escolas do concelho, o Instituto Pedro Nunes de Coimbra ou, mais recentemente, com o Centro Tecnológico de Málaga. Estamos ali para ajudar. Em que medida os Jogos Olímpicos do próximo ano podem ter reflexos no centro de estágios e no complexo desportivo de Rio Maior? Vão ter comitivas internacionais a estagiar na cidade? A equipa brasileira de triatlo já está a estagiar em Rio Maior para os Jogos Olímpicos. Esse é um primeiro reflexo. Neste momento, mais de 50% da ocupação do centro de estágios é com atletas estrangeiros e muitos deles passarão por aqui para irem para os Jogos Olímpicos. A Desmor (empresa municipal que gere o complexo desportivo de Rio Maior) está no mercado internacional e já tem neste momento grande parte do ano de 2015 quase totalmente ocupado no centro de estágios. Também já há marcações para 2016. A opção que a Câmara de Rio Maior teve por uma gestão profissional na Desmor tem vindo a dar resultados.O desporto continua a ser uma marca de Rio Maior e uma área chave para o desenvolvimento do concelho? Sim. Foi feito um investimento bastante grande, uma opção dos anteriores executivos na área do desporto e nós, perante esse investimento, tivemos que continuar com ele. É uma âncora de desenvolvimento, embora apostemos também noutras áreas. O executivo tem apostado em proporcionar a prática desportiva a toda a população e para isso temos um conjunto de actividades extremamente vasto. Um dos nossos objectivos é que a população sinta necessidade de fazer exercício físico ao longo da sua vida.Qual é, na sua opinião, o maior problema com que Rio Maior se confronta actualmente? Se calhar falta os empresários acreditarem mais em si próprios, porque temos bons empresários. Espero que aproveitem as novas oportunidades que aí vêm. Se ganharem confiança pode ser extremamente bom para eles e para o concelho. Daí o nosso investimento na área económica. Estou convencido que vai dar frutos no futuro. Acho também que Rio Maior precisa de uma unidade hoteleira de alguma dimensão e de qualidade, para que o turismo que passa por Rio Maior não seja sobretudo de visitação e passe também a ser de permanência.A cozinha do tempo dos nossos avós é nas Tasquinhas de Rio MaiorA Feira da Gastronomia, Artesanato e Doçaria, tradicionalmente designada por Tasquinhas de Rio Maior, vai decorrer de 27 de Fevereiro a 8 de Março, sendo a inauguração animada pelas tunas da Escola Superior de Desporto de Rio Maior.Entre as muitas iniciativas agendadas incluem-se o 2.º Trail Urbano, um passeio turístico, um workshop de culinária com Rui Almeida, um seminário sobre “Novas Oportunidades da Estratégia 2020”, o 10.º Torneio de Golf “Tasquinhas 2015”, havendo todos os dias animação dinamizada por cada uma das freguesias do concelho.O que têm as Tasquinhas de Rio Maior que os múltiplos eventos gastronómicos que se realizam pelo país não tenham? Uma das coisas que distingue o certame é o facto de as tasquinhas serem geridas por associações. Este ano só vão estar representados dois restaurantes locais. Há ali muita carolice, muito trabalho voluntário e há aqueles pratos típicos do tempo dos nossos avós e pais. São essas associações que dão uma dinâmica diferente daqueles eventos gastronómicos em que apenas participam restaurantes profissionais. É óbvio que as tasquinhas já apresentam algum grau de profissionalismo e a própria câmara proporciona formação em termos de higiene e segurança. Mas as Tasquinhas são muito mais do que isso.O que é que os visitantes podem esperar? As Tasquinhas são também festa, ponto de encontro e no pavilhão há sempre animação com tunas, bandinhas que tornam o ambiente diferente. Vamos ter também um espaço para café com música ao vivo entre as 21h00 e as 22h00, antes das demonstrações de cozinha ao vivo por vários chefs. E para além da gastronomia há a doçaria, o artesanato, as actividades económicas e a tenda jovem.Qual é o papel da câmara na organização das Tasquinhas, para além de facultar o pavilhão multiusos? Para já é uma forma também de a câmara municipal apoiar o movimento associativo. Num momento de dificuldades, em que os recursos financeiros são poucos, é uma maneira de as associações conseguirem obter meios financeiros para realizarem as suas actividades ao longo do ano. Além disso, o município dá um subsídio às associações de 100 euros para ajudar à decoração de cada tasquinha.Que prato da zona de Rio Maior é que o levaria a percorrer uns bons quilómetros para o saborear nas Tasquinhas? São tantos que é difícil dizer só um. Galinha de cabidela, chanfana serrana, galucho (galo com nozes), ensopado de borrego, tiborna de bacalhau são alguns exemplos do que se pode encontrar.É um bom garfo? Sim, aprecio muito a cozinha portuguesa e os pratos de que falei são alguns dos que aprecio bastante e que são típicos desta região.Na altura das Tasquinhas tem que refrear o apetite ou deixa-se ir? Nesta altura deixo-me ir um pouco e depois tento recuperar a seguir. Um vereador todo-o-terrenoJoão Lopes Candoso nasceu em Rio Maior em 13 Julho 1963, é casado e tem um casal de filhos. Engenheiro químico industrial de formação, está no segundo mandato como vereador com pelouros e a tempo inteiro na Câmara de Rio Maior. Antes de assumir essas funções autárquicas trabalhava como director de empresas na zona de Lisboa, na área da construção civil.A experiência na política já vem de há muito, tendo sido cabeça de lista do PSD à Câmara de Rio Maior em 1997, tendo cumprido esse mandato como vereador da oposição quando o município era liderado pelo socialista Silvino Sequeira. No mandato seguinte (2001-2005) foi líder da bancada do PSD na assembleia municipal. Entre 1993 e 1997 foi membro da Assembleia de Freguesia de Rio Maior, sempre pelo PSD.É presidente da comissão política concelhia do PSD, cargo que já havia desempenhado anteriormente. É militante do partido desde o início da década de 1990. Foi o sétimo da lista de candidatos a deputado do PSD por Santarém nas últimas eleições legislativas.Lopes Candoso é o representante do município nas administrações da Desmor (empresa municipal que gere o complexo desportivo de Rio Maior), da Depomor (empresa que gere o Parque de Negócios de Rio Maior) e da Escola Profissional de Rio Maior e é responsável por pelouros como o do desenvolvimento económico, juventude, património, assuntos jurídicos e contencioso e pessoal O terreno em que se sente mais à vontade é o do desenvolvimento económico, por ser também o que conhece melhor em termos profissionais.
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