Uma colectividade unida onde as pessoas fazem questão de não se acomodar
AREPA Associação Recreativa do Porto Alto
Foi na casa do actual presidente da direcção que nasceu a Arepa (Associação Recreativa do Porto Alto) há vinte e dois anos. José Lameiras, actualmente reformado, conta que a ideia partiu do sogro e que este queria criar uma colectividade para fomentar o desporto e a cultura de que todos se pudessem orgulhar. O objectivo era ambicioso mas foi plenamente atingido. As actividades são muito diversificadas; a união entre os responsáveis é exemplar e os cerca de novecentos associados têm as contas em dia.
Que balanço faz dos vinte e dois anos da Arepa (Associação Recreativa do Porto Alto)? Compensadores e eu sei do que falo porque a colectividade nasceu em minha casa. Conheço tudo da Arepa. Claro que há anos melhores e outros piores mas o balanço é muito positivo. Não temos conflitos com ninguém. Os elementos dos órgãos sociais são todos como uma família. Nunca tivemos problemas em arranjar dirigentes. Acho que o nosso sucesso resulta da nossa união. Se a Arepa nasceu em sua casa isso quer dizer que é presidente vitalício? Não. De maneira nenhuma. Sou presidente há nove anos e cheguei à presidência através do sistema de rotatividade que implementámos. Uns vão entrando, outros saíndo e houve uma altura em que me calhou a mim. (risos) Qual foi, até agora, o momento mais marcante da sua presidência? Foi o que se passou com a inconcebível multa que nos foi aplicada pelas Finanças. Recorremos a advogados e conseguimos reaver o dinheiro todo com juros. Estamos a falar de 110 mil euros. Foi um momento mais triste da minha vida enquanto dirigente porque não faz sentido que os organismos do Estado façam estas coisas aos seus cidadãos mas também foi o mais feliz porque conseguimos provar que tínhamos razão. Outro momento muito feliz foi a inauguração do novo campo de futebol que começou a funcionar recentemente. É impulsivo ou racional? Por vezes sou impulsivo mas consigo ser suficientemente sensato quando se trata de defender o que consideramos ser o melhor para a colectividade. Mas as coisas não podem ser feitas friamente. Sem paixão também não existe o prazer da conquista. Quer na colectividade, quer em casa ou no emprego, temos que ter paixão. Se não vestirmos a camisola não vamos longe. Temos que ter entusiasmo. Algum dia se arrependeu de se dedicar ao associativismo? Como na Arepa existe união e uma boa gestão, sempre senti que tem valido a pena esta dedicação. Arranja tempo para esta actividade? Era delegado de vendas e estou reformado há sete anos. O meu tempo é dedicado à Arepa. De manhã vou ao campo de futebol, bebo um café, a seguir passo pela rouparia para falar um bocadinho com o responsável e se for preciso dou-lhe uma ajuda. Quando é preciso abastecer as carrinhas de gasóleo, normalmente às segundas ou terças-feiras, vou fazê-lo. Se for preciso ir à câmara municipal ou à junta de freguesia vou. À tarde venho para a sede da colectividade, vejo o correio, trato de vários assuntos. Depois passo novamente pelo campo de futebol. Estou sempre em cima do acontecimento. O que se ganha numa actividade destas? Eu ganhei amigos. Bons amigos. E isso é algo muito valioso. É fácil recrutar jovens e atletas para todas as modalidades? Os atletas que temos vieram por sua iniciativa. Também há alguns que se vão embora para experimentar outras coisas mas muitos acabam por voltar. A vida moderna tem muitos atractivos mas ainda há jovens e pessoas mais velhas que gostam de fazer desporto ou gostam de dançar e por isso vêm para cá. Quais são os objectivos da Arepa para este ano? Procuramos fazer pelo menos igual ao que fizemos no ano anterior mas é claro que o objectivo é fazer melhor. Não nos podemos acomodar. Só com ambição podemos alcançar o sucesso e construir uma colectividade de referência. Quais são, actualmente, as maiores dificuldades? Não temos dificuldades por aí além. Quando vim para a Arepa fiz sempre questão que as instalações estivessem o mais dignas possível e conseguimos. Sempre considerei importante ter uma boa frota automóvel e actualmente temos sete carrinhas em óptimo estado. Claro que gostava de ter outras modalidades como hóquei em patins e atletismo, por exemplo. A crise não gerou nenhuma crise? As nossas contas são muito claras e temos sempre saldo positivo. Esse é o segredo e é por isso que o nome da Arepa é respeitado. Conseguimos fazer créditos porque as instituições sabem que não ficamos a dever. Aqui não entrou a crise. Como é que conseguem atrair novos sócios? Temos cerca de novecentos associados com as quotas em dia e cada um de nós procura incentivar outros a serem sócios. Tentamos ser sempre muito activos. Também temos uma regra. Todos os que praticam uma modalidade na Arepa têm que ser sócios da associação. Cada sócio paga 1,25 euros por mês mas há quem pague mais. Cada um paga o que pode ou o que quer. É assim que se consegue manter a colectividade viável. Por exemplo, se os jogadores de futebol precisam de camisolas os pais é que compram. A Arepa é como uma família em que contamos com o apoio e colaboração dos pais dos atletas e dos próprios atletas. Só assim se consegue gerir uma casa com meio milhar de desportistas. Além disso cada secção vai organizando iniciativas para angariar dinheiro. Tem algum intercâmbio fora de Portugal? Há 12 anos que vamos a França participar em torneios de futebol. Este ano vamos em Maio, com a equipa de 16 anos. Vamos e regressamos de autocarro. É uma experiência enriquecedora. Se eu for este ano, será a décima vez e tenho a certeza que vai ser muito bonito porque os portugueses que vivem em França recebem-nos sempre de braços abertos. Até dormimos nas suas casas. Praticou alguma modalidade na juventude? Pratiquei futebol. Era defesa direito no Clube de Futebol Cruz de Cristo, na Portela das Padeiras, em Santarém, onde nasci e fui criado. Além da quota para o clube pagávamos também uma quota para a equipa. Também fiz ciclismo. Adorava bicicletas e acho que podia ter sido um bom corredor de bicicletas mas o Sporting Clube de Portugal não colaborou. Fui lá para fazer testes mas não me chamaram. Tive muita pena porque se me dessem oportunidade limpava aquilo tudo. Eu era um Joaquim Agostinho, não tenho dúvidas. Sabia o que valia nas bicicletas. Foi uma desilusão não ter sido chamado. A solidariedade para com os mais desfavorecidos sempre foi uma bandeira da Arepa A AREPA - Associação Recreativa do Porto Alto, no concelho de Benavente, nasceu oficialmente no dia 17 de Fevereiro de 1993 e é hoje uma das mais emblemáticas colectividades da região. Com uma enorme ligação à comunidade e um grupo de dirigentes e activistas unidos e empenhados, tem contribuído para a promoção da cultura e do desporto através de uma dúzia de diferentes secções. Tem novecentos associados e mais de 500 atletas e dançarinos repartidos por 12 secções, nomeadamente futebol, BTT, cicloturismo, andebol feminino, futsal, danças de salão, natação, karting, música, kickboxing, taekwondo e rancho folclórico. Em 2014 as danças de salão foram o orgulho da colectividade, com um dos pares adultos a conquistar o primeiro lugar do campeonato nacional, a Taça de Portugal e o Ranking. Há cerca de quatro anos a classe de nove anos conquistou o vice campeonato em dois anos consecutivos. Além da sua sede, que funciona como um verdadeiro ponto de convívio da terra e centro cultural e recreativo, a AREPA dispõe ainda do Campo de Futebol Acílio Rocha, das Piscinas Municipais de Samora Correia e do Pavilhão Desportivo do Porto Alto para a prática das diversas modalidades. A colectividade também tem tido um papel relevante na promoção do ensino e na actividade social. A Arepa foi criada e planeada na casa do actual presidente da associação, José Lameiras. O seu sogro, que foi sempre muito bairrista, queria criar uma colectividade para fomentar o desporto e a cultura, da qual todos se pudessem orgulhar e ele e a esposa ajudaram, assim como outros amigos. Natural de Santarém, mas a viver no Porto Alto há quase três décadas, José Lameiras fazia parte do Clube de Cristo, associação scalabitana, e com a sua experiência deu uma ajuda na criação dos estatutos. A AREPA tem uma filosofia de gestão baseada na amizade e no trabalho voluntário. O trabalho é virado para a população. Para além da cultura e do desporto, a direcção da AREPA aposta também na educação e valorização dos atletas e das camadas mais desfavorecidas da população.
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