Entrudo em Alhandra não se esqueceu das cinzas que caem da fábrica de cimento
O salão da Sociedade Euterpe Alhandrense encheu-se de gente para rir à gargalhada com o testamento do Santo Entrudo, que em vez das calhandrices da terra brinca com os factos e as pessoas que marcaram o ano.
Na vila de Alhandra o enterro do Entrudo é feito com um testamento que passa o ano em revista e que diz a brincar o que muitos pensam mas têm medo de dizer durante o ano. Seja sobre os políticos, as cinzas que caem na vila, os preços do barbeiro ou a falta de um campo de futebol. Tudo a brincar porque, já lá diz o ditado, no Carnaval ninguém leva a mal. A tradição mantém-se e, na última Quarta-feira de Cinzas, centenas de moradores e curiosos voltaram a encher o salão da Sociedade Euterpe Alhandrense para ouvir e aplaudir o testamento.Mas que lindo posto médicoQue me ofereceram de presenteMas, sem médico de família,Ainda fiquei mais doente.Quem quiser uma consultaVai lá às quatro para a portaSe já não consegue uma vagaA coisa está a ficar torta.O pó que vem da CimporAinda nos causa pavorCoitado do meu carrinhoAté mudou de cor.Ele é filtros... ele é mangas...Para o pó esconderQuando o vento está de sulNão há nada a fazer.”A maioria dos versos do Entrudo alhandrense são preparados ao longo do ano. Como manda a tradição, o funeral do folião começou junto à estação de comboios e só parou na Euterpe, local onde o santo acabou queimado à beira-rio. Não sem antes ter deixado mais alguns versos para o povo.“O chinês do restauranteVai dizendo que está mauSeja qual for a ementaEntra sempre arroz xau-xau.O Adriano barbeiroCom os preços rapa tudoTanto paga um carecaComo paga um cabeludo.A Euterpe apanha tudo O presente nos ensina Havemos de nadar no salão E a banda tocar na piscina.O mercado d’ AlhandraParado tem andadoAlguém lhe deitou mau olhadoParece que esta enguiçado.Na casa dos frangosHá muito pra comerTens que ter cuidadoCom a resposta que podes ter
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